• (21) 3042-6445
  • comunica@koinonia.org.br
  • Rua Santo Amaro, 129 - RJ

Carta do MST a quilombolasde Conceição das Crioulas

No dia 22 de março, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) de Pernambuco enviou carta à comunidade de Conceição das Crioulas se desculpando pela ocupação do grupo da Fazenda Velha, que faz parte do território quilombola.

Numa demonstração de mútuo apreço, as lideranças do MST agradeceram a compreensão da comunidade de Conceição das Crioulas, que entendeu que se tratava de uma ação equívoca. Além disso, os quilombolas concederam um tempo para que as famílias ali acampadas desde o dia 5 de março pudessem se organizar e deixar a área, o que ocorreu no último dia 21.

O MST, por sua vez, convidou a Associação Quilombola de Conceição das Crioulas (AQCC) para fazer parte da Via Campesina, rede internacional que reúne diversos movimentos que lutam pelo direito à terra, e para o debate com o Coordenador do GT Quilombos da Associação Brasileira de Antropologia, o antropólogo José Augusto Laranjeiras Sampaio, que tratará sobre os processos de luta pela terra de povos indígenas e quilombolas no estado.

A seguir, leia a carta na íntegra:

———————————-
Recife, 22 de março de 2006

À Associação Quilombola de Conceição das Crioulas
Toda a Comunidade de Conceição das Crioulas

Sobre a Ocupação da Fazenda Velha

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) de Pernambuco gostaria de, em primeiro lugar, se desculpar pela equivocada ocupação da Fazenda Velha, pertencente ao território de Conceição das Crioulas, que aconteceu no dia 05 de março.

Conforme já foi explicado em encontros com representantes da comunidade de Conceição das Crioulas, as lideranças do MST desconheciam o fato de que a fazenda estava em território quilombola, e assim que foram informadas, instruíram os acampados e acampadas a se retirarem do local.

Gostaríamos também de agradecer a paciência da comunidade de Conceição das Crioulas, que compreendeu que, para isso, necessitaríamos de um tempo para encontrar outro lugar onde alojar as famílias ali acampadas.

Conforme acordado entre o MST e a comunidade, as famílias do MST deixaram a Fazenda Velha ontem, dia 21 de março.

Reiteramos que o MST não ocupa terras quilombolas ou indígenas. Se isso acontece, é por desconhecimento de que essas terras estejam em território quilombola ou indígena. E a melhor maneira de evitar que tais erros aconteçam é nos articularmos melhor e nos unirmos.

O MST é parceiro e aliado das comunidades quilombolas e indígenas que estão lutando pela retomada de seus território tradicionais, na maioria das vezes invadidos por fazendeiros e latifundiários. Em algumas ocasiões, o MST já realizou ocupações conjuntas com comunidades quilombolas, no sentido de fortalecer seu processo de retomada de terra.

Nossa luta é a mesma: contra o latifúndio, os grileiros, os fazendeiros invasores de terras e a opressão no campo. E só a união entre todos e todas que sofrem com essa realidade opressora é que pode fortalecer essa luta.

Assim, convidamos a Associação Quilombola de Conceição das Crioulas para fazer parte da Via Campesina, rede internacional que congrega diversos movimentos de agricultores, indígenas e quilombolas de mais de 80 países, que lutam pelo direito a terra.

De nossa parte, no sentido de compreender e nos informar melhor sobre os processos de luta pela terra de povos indígenas e quilombolas no estado de Pernambuco, estamos organizando um debate com o antropólogo José Augusto Laranjeiras Sampaio, Coordenador do GT Quilombos da Associação Brasileira de Antropologia. O debate acontecerá no dia 31 de março – sexta-feira, às 17:00hs, no escritório do MST no Recife, e vocês já estão desde já convidadas/os a participar.

Na certeza de que lutamos juntos, esperamos encontrá-las/los em breve.

Abraços,

Alexandre Conceição
Coordenação MST Pernambuco

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo