Bairros preservam herança africana
Daniel Freitas
Na zona urbana de Salvador, bairros como Saúde, Barroquinha, Engomadeira, Tancredo Neves (antigo Beiru) e Mata Escura, entre outros, concentravam uma significativa parcela da população negra. Outras comunidades ainda mantêm a preservação de suas heranças africanas, como os bairros do Curuzu, Engenho Velho da Federação, Boca do Rio, Pirajá e Engenho Velho de Brotas – locais onde há desemprego, falta de segurança, inexistência de áreas de lazer e transporte precário. Na Ladeira do Caxundé, na Boca do Rio, sobrevivem até hoje mais de cem famílias descendente de escravizados.
A partir do conceito de Ubiratan Castro, quilombos são comunidades portadoras de uma tradição de resistência negra. O mais conhecido dos quilombos brasileiros é o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas, e criado em 1595. Liderado por Zumbi dos Palmares, o quilombo, onde os escravos refugiados se reuniam, resistiu às inúmeras investidas da polícia da época, caindo em 1694 e se tornando, para o movimento negro, uma grande referência na luta contra o racismo. Foi a maior área quilombola de que se tem notícias na América, chegando ao patamar dos 20 mil habitantes. A data da morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, é celebrada em todo o Brasil como o Dia Nacional da Consciência Negra.
A Fundação Palmares, ligada ao Ministério da Cultura, tem realizado um trabalho de mapeamento de comunidades remanescentes de quilombos no país, registrando mais de 1,8 mil localidades no território nacional. Esse processo visa garantir às populações desses espaços a titulação definitiva das terras que ocupam, fazendo valer o decreto nº 4.887 – assinado pelo presidente Lula em 20 de novembro de 2003. O decreto estabelece a titulação definitiva das terras às comunidades portadoras de tradição de resistência, musicalidade, religiosidade, culinária e visão de mundo, características da população negra brasileira herdadas da ancestralidade africana.
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