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Kalungas expõem artesanato em Feira Nacional

Kalungas se preparam para expor na II Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária

O kalunga Jovino Farias da Silva, 59 anos, nascido na comunidade do Vão de Almas, no município de Cavalcante (GO), será um dos representantes do maior quilombo do Brasil na II Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária. A feira acontece de 29 de setembro a 02 de outubro, no Pavilhão da Expo-Brasília, no Parque da Cidade, em Brasília. A feira é promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e irá reunir 488 expositores, entre agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas e outros.

Trabalhando como guia turístico em Cavalcante e morando com a esposa na comunidade do Engenho II, sua intenção é expor na feira as típicas bruacas – bolsas de couro de vaca, feitas para colocar no lombo da mula e transportar farinha, arroz, mandioca, e outros alimentos. “Fazemos as bolsas da mesma forma que nossos antepassados”, explica. Nas comunidades mais remotas as mulas são o principal meio de transporte dos kalungas. Ele irá mostrar, também, quadros pintados pela própria filha, Emília, 27 anos. Segundo o pai, ela pinta desde pequena, “mesmo sem estudo”, conta.

Outro representante dos kalungas na II Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária será Evangelista dos Santos Rosa, moradora de Teresina de Goiás. Também nascida no Vão de Almas, mas atualmente vivendo na comunidade da Ema, Evangelista vai expor louças de barro – panelas e pratos – feitas por ela e algumas amigas. A antiga habilidade de trabalhar a argila foi reforçada recentemente com um curso específico. “Aprendi bastante”, fala com entusiasmo.

Antônia de Jesus Costa Dias, 42 anos, moradora do município de Monte Alegre, completa a participação kalunga na feira. Escolhida pela comunidade em que vive para representar seu povo, Antônia vai vender colchas de algodão, colheres de pau, e algumas ferramentas ancestrais utilizadas para fazer farinha, como o Tapiti (instrumento feito em palha para espremer a massa da mandioca e o fumo de rolo), a Peneira (para coar a farinha), e o Quibano (usado para depositar a farinha e outros grãos depois de coados).

O maior quilombo do Brasil

O Sítio Histórico Kalunga foi demarcado em 1995 pelo governo de Goiás. No ano 2000, o Título de Reconhecimento e Domínio emitido pelo governo federal estabeleceu que, por direito, 253,2 mil hectares formam o maior e mais antigo quilombo do País, numa área que abrange os municípios de Monte Alegre de Goiás, Teresina de Goiás e Cavalcante. Atualmente existem 28 comunidades kalungas na região, onde vivem pouco mais de quatro mil remanescentes de quilombos.

Na prática, dos 253,2 mil hectares cerca de 100 mil estão sob posse de fazendeiros. Assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, determinou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a responsabilidade pelo reconhecimento e titulação das terras quilombolas no Brasil, incluindo a que compõe o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.

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