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PE – Arca das Letras

Como explicar a presença de um livro da sexóloga e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy num vilarejo onde a discussão sobre sexo é quase tabu? Ou ainda a escolha de livros que abordam o preconceito racial distribuídos em comunidades quilombolas? Alguns títulos das publicações contidas nas arcas espalhadas pelo Estado vêm causando surpresa e até uma certa dose de polêmica entre moradores mais velhos. No que depender do Governo federal, que idealizou o Arca das Letras, a provocação não apenas faz parte do projeto como é fundamental para despertar o interesse pela leitura.

A realidade de cada comunidade vem sendo rigorosamente posta em discussão através da escolha de algumas publicações que tratam de temas impensáveis até então numa biblioteca local. A inspiração vem justamente do método implantado pelo educador pernambucano Paulo Freire, que adaptou o conteúdo do ensino ao cotidiano da população local.

Na comunidade quilombola de Pé de Serra, em Agrestina, a chegada da arca, há pouco mais de um mês, já repercutiu entre as quase 500 famílias, a maioria delas dependentes da agricultura de subsistência. O líder comunitário Heleno José da Silva explica que alguns adultos analfabetos já pediram a seus filhos que solicitassem livros e lessem em voz alta para eles em casa. Os livros de culinária, literatura de cordel e os fascículos sobre o manejo da terra têm boa aceitação. O problema é que os adultos ficam um pouco envergonhados de passar aqui e a alternativa que eles encontram é pedir que os filhos tomem os livros emprestados , revela.

Adesão – Na comunidade rural de Riacho do Peixe, a novidade já ganhou adesão das crianças e adolescentes, mas ainda passou despercebida entre os adultos. A secretária de Ação Social de Agrestina, Maria Aparecida de Andrade, explica que a barreira da primeira leitura é quase intransponível quando o hábito de ir a uma biblioteca nunca existiu, nem foi incentivado. Ainda é um pouco difícil para os adultos, já que a grande maioria nunca teve sequer a oportunidade de ler um livro. Só aos poucos é que vamos ter idéia se essas pessoas sairão de casa depois de um trabalho duro na roça para pedir um livro emprestado. É um grande desafio , antecipou a secretária.

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