• (21) 3042-6445
  • comunica@koinonia.org.br
  • Rua Santo Amaro, 129 - RJ

História da comunidade do Barroso

Por Cosmiana Bispo em parceria com Ana Célia

Ah! Lugar abençoado

Terra de trabalhador

Vou contar essa história

Com muito orgulho e amor

No início tudo era mata

Bichos, águas e riquezas naturais

Certo dia homens guerreiros

Decidiram lutar por seus ideais

Trabalhar nessa terra de

Madeiras e matagais

Achou a terra boa

Disse aqui eu vou ficar

Carregando uma semente

Na esperança de plantar

Pra sustentar suas famílias

E da escravidão se libertar

Por volta de 1802

Quando isso ocorreu

Com muita felicidade

Ao divino agradeceu

Plantaram cana, café, cacau

Mandioca, dendê e abacaxi

Muita diversidade

Que se via por ali

Daí virou uma terra

Que tinha diversidade

E também muita fartura

Farinha, mandioca

Azeite de dendê

E até a rapadura

Isso tudo era trocado

E vendido para toda criatura

Sem falar da caça e da pesca

Que com fartura encontrou

Foi aí que a ganância

Dos coronéis se despertou

Com a mesma estratégia

Em escravos novamente

Os tornou

Tomando suas terras

Alegando todo dia

Que era troca de favor

E da forma disfarçada

Explorando seus trabalhos

Sem direito a sálario

A escravidão continuou

E assim, de forma despercebida

Trocavam seus serviços

Por ferramentas e comidas

Entre jogos de compadres

Comadres de titio e vovô

Foi assim que perderam

As suas terras

De quando aqui chegô

Ainda tinha uma esperança

Pra esse povo trabalhador

Numa terra de barro ruim

Foi assim que eles falou

O seu nome era barroso

Nos disseram o porquê

Diziam ser terra ruim

Ninguém queria saber

Terra que não dá liga

Serve mesmo para quê?

Essa foi a sua forma

Que muito nos ajudou

Por pequeno preço

Nosso povo a encontrou

Um pedaço de terra

Para viver e plantar de novo

Com muita dificuldade

Uma casa pra morar

Lugar pra chamar de seu

E contar a história desse povo

Suas casas eram de taipas

E cavacos para cobrir

Retiradas de madeiras

Encontradas por aqui

Encontraram barro bom

E panelas foi fazer

Potes, purrões e talhas

E telhas para vender

Eita povo inteligente!

Com garra e alegria

Trabalhava o dia inteiro

Na colheita e na farinha

E quando chegava a noite

Ainda tinha energia

Pra fazer uma festinha

E nos dias de santo

Ainda rezava a famosa ladainha

E depois tocava e cantava samba

Até o raiá do dia

Eita povo danado

O povo da alegria!

Entre 80 e 90 o povo se despertou

O movimento religioso

Dos direitos nos contou

Criamos a escola Reunidas Barroso

E seu nome nos coroou

Que unidos somos mais fortes

Pra vencer o opressor

Em 1990 a vassoura de bruxa aqui chegou

Jogou o império por terra

E o pobre se alertou

Uns pensou que era o fim

E outros se animou

Cuidando do que é nosso

E a nossa história mudou

Coronéis que eram rígidos

Ao pequeno se igualou

Pra salvar suas fazendas

Ao pobre se aliou

O ano dois mil chegou

Pois era tão esperado

Os mais velhos já diziam

Que tudo seria mudado

O povo se reuniu

A associação criou

Trabalhos coletivos

De homens e mulheres gerou

Conservando os saberes

Que nosso ancestral deixou

Produzindo agroecologia

Nossa terra melhorou

Mudamos o conceito

Nossa terra tem valor

Tivemos muitas conquistas

Algumas eu vou mostrar

Parcerias, educação e cultura nesse lugar

Isso tudo é avanço e podemos comprovar

Conseguimos energia elétrica

Água e a produção melhorar

Apoio institucional pra fortalecer e mudar

Luta também de um guerreiro

Que não se pode apagar

Nos deixou um legado tão grande

Que ninguém pode matar

Seu Antonho está presente

Por todo esse lugar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo