Após caso de preconceito, justiça determina que Record produza programas sobre religiões afro
Por: Viver/Diario – Diario de Pernambuco
A emissora Rede Record terá de exibir programas como direito de resposta aos praticantes de religiões afro-brasileiras ou de matriz africana, que foram vítimas de preconceito por parte do programa religioso Sessão do Descarrego. A Ação Civil Pública interposta pelo Ministério Público Federal corre na justiça desde novembro de 2004, mas enfrentava recursos judiciais por parte da empresa de Edir Macedo, que também é dono da Igreja Universal do Reino de Deus. Nesta quinta-feira (5), o Tribunal Regional Federal da Terceira Região, em São Paulo, tomou a decisão final, dando vitória aos fiéis das religiões afro.
A emissora Rede Mulher, extinta em setembro de 2007, também foi alvo da decisão pelo programa Mistérios. Para o MPF e para as entidades, os programas religioso das emissoras “desrespeitaram os princípios constitucionais da liberdade religiosa ao demonizar as religiões afro-brasileiras em cultos exorcistas”. A justiça também afirma que os veículos se referiram de “forma metaforizada” aos pais e mães de santo como “pai e mãe de encosto”, entre outros termos pejorativos para “desqualificar” as religiões afro-brasileiras, como “sessão de descarrego”, “bruxaria” e “feitiçaria”.
Segundo a desembargadora federal Consuelo Yoshida, a relatora do acórdão, a Record terá que conceder estúdio, estrutura e pessoal de apoio necessário à produção de quatro programas de TV, com duração mínima de uma hora cada. As transmissões deverão ter pelo menos três chamadas durante a programação, nos mesmos padrões que os veículos usam para as chamadas de sua própria programação. “Deverão observar, ainda, a abrangência territorial dos programas que praticaram as ofensas e priorizar conteúdos informativos e culturais para esclarecer aspectos sobre a origem, tradições, organização, seguidores, rituais e outros elementos, com o propósito de recompor a verdade”, diz a nota publicada pelo Tribunal Regional Federal da Terceira Região.
O Viver entrou em contato com a assessoria da Record, que revelou ainda não ter informações e uma resposta definida para o caso.
FONTE: Diário de Pernambuco em 09/04/2018