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Encontro permite avanços no debate entre quilombolas e religiosos de matriz africana

Começou na sexta-feira, 14, o I Encontro de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiro de Alagoas. O evento acontece até domingo, 16, na comunidade quilombola Muquém, em União dos Palmares e tem como objetivo de discutir e fortalecer a cultura dos quilombolas e dos povos de terreiro no estado.

O encontro é uma realização do governo de Alagoas e prefeitura de União dos Palmares em parceria com a Fundação Cultural Palmares, e conta com uma vasta programação, composta por mesas de discussão, palestras e apresentações culturais.

A cerimônia de abertura reuniu centenas de pessoas no Espaço Cultural do Muquém, entre autoridades, religiosos de matriz africana, quilombolas, professores, pesquisadores, estudantes e outras pessoas envolvidas com a temática.

“União dos Palmares abre a maior discussão da cultura negra no estado de Alagoas, pois estão presentes aqui, pessoas que irão discutir vários temas e traçar ações para tornar mais forte e efetiva as políticas públicas para essa população”, destacou o prefeito Beto Baía.

O prefeito ressaltou a importância da comunidade Muquém como referência através do rico artesanato feito com barro. “Essa comunidade tem uma importância cultural muito grande e estamos trabalhando para cada dia melhorar a vida dos nossos quilombolas, incentivando a produção cultural, para dessa forma, fortalecer a comunidade e gerar renda para seus moradores”, disse.

A secretária de estado da Cultura, Melina Freitas, disse que “o governo está preparado para apoiar a integração das comunidades de matriz africana. Esse debate deve ter continuidade o ano todo”, pontua.

A ialorixá Mãe Neide Oyá de Oxum destacou o fortalecimento da religião de matriz africana e do povo quilombola. “A luta tá começando a se engajar, as coisas entrando cada uma em seu devido lugar, o povo tá tendo o empoderamento, que tem que tá junto e unido”, disse.

“Além do fortalecimento, esse momento também representa a força do nosso povo, dizer que nós estamos sim, firmes e fortes e de cabeça erguida igual a Zumbi, a Dandara e ao exército da Serra da Barriga, pra lutar, pra defender e pra colher o nosso povo negro”, enfatizou.

IMPRESSÕES

Carina Pinto da Costa é empresária na cidade de Vila Nova de Famalicão, em Portugal e veio pela primeira vez à União dos Palmares, para participar do encontro e ficou impressionada com a riqueza cultural do evento. “Estou feliz com a hospitalidade da Mãe Neide e por ver alguém que está mobilizando tantos recursos para poder levar essa cultura e essa benção que é a religião de matriz africana”, disse.

 “Acredito que da forma que a Mãe Neide luta por essa união de todos os quilombolas será a forma de unificar e trabalhar a aceitação de todas as diferenças de religiões, dentro das comunidades”, destacou Carina.

A empresária está projetando a possibilidade de implementar uma parceria entre a sua empresa  O Caminho Violeta, uma clínica de corpo e mente e terapias holísticas e medicina integrativa,  com a ialorixá Mãe Neide, em Maceió. “Havendo a possibilidade de quem sabe, ajudar o projeto da Mãe Neide, assim como a comunidade Muquém na atenção de mais recursos para ajudar a suprimir as necessidades da comunidade”, concluiu.

Já o estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas – Ufal, Wemerson Ferreira, destaca que o encontro representa um momento de dar voz às comunidades quilombolas e os religiosos. “Essas discussões são extremamente importantes para que os grupos se articulem politicamente, e assim possam reivindicar a garantia de seus direitos, diante do Estado”, ressaltou.

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