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Comunidade Furnas dos Baianos diz que ajuda do governo beneficia quilombola

“É bem vinda toda ajuda do governo estadual no atendimento às nossas reivindicações. Esperava ser atendido pelo menos em 50% com nossas solicitações. Porém, através do compromisso assumido com o secretário estadual de Obras, Edson Giroto, seremos atendidos em quase 100% em nossas reivindicações”, disse animado o presidente da Associação da Comunidade Negra Rural Quilombola de Furnas dos Baianos, Juliete Gomes da Silva.

Na última sexta-feira (3), a coordenadora Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso do Sul (Cppir/MS), Raimunda Luzia de Brito, e o secretário estadual de Obras, Edson Giroto, visitaram a comunidade negra rural quilombola de Furnas dos Baianos, localizada no Distrito de Piraputanga, no município de Aquidauana.

Os quilombolas da região formalizaram um ofício reivindicando do governo diversas ações, dentre elas, uma patrulha mecanizada, construção de uma ponte de madeira, patrolamento das estradas, a aquisição de um caminhão para o transporte de mandioca dos assentamentos rurais para cidades próximas da região, a construção do novo galpão para atividades culturais, a conclusão da obra do prédio da oficina de costura – que está parada e, ainda, a instalações de água encanada, para voltar a funcionar a nova indústria de farinha, que foi inaugurada no dia 16 de maio de 2012, na comunidade negra. O secretário estadual de Obras, Edson Giroto, anotou e se empenhou em atender, com demais órgãos públicos estaduais, o mais breve possível, as solicitações da comunidade negra rural de Furnas dos Baianos.
“Estamos trabalhando no plantio de mandioca numa área de aproximadamente 15 hectares. Agora todos nós começamos a ficar animados em plantar mandioca. Eu que só tinha mandioca para o consumo, agora vou plantar para fazer farinha e vender na região”, disse Juliete da Silva. Ele também fez questão de falar das dificuldades que os moradores das Furnas dos Baianos I e II estão passando por falta de uma nova ponte sobre o Córrego das Antas.
“Os moradores do outro lado do rio não têm o acesso para trazer a produção pra cá [Furnas I], por conta dessa ponta. Andamos um quilômetro e teremos que dar uma volta de dez quilômetros para chegar aqui, porque não temos essa ponte que faz a ligação entre as duas comunidades (I e II). Estamos solicitando do governo estadual a construção da ponte e também o patrolamento das estradas que estão muito ruins devido à erosão”, reclamou Juliete.


A tesoureira da Associação de Furnas dos Baianos, Elenilce Santos da Silva, informou que vão buscar o apoio também da prefeitura municipal de Aquidauana, por meio do Programa da Agricultura Familiar, para comercialização da farinha de mandioca. “Isso só vai acontecer quando a gente tiver, de fato, a água encanada. Porque a Funasa ainda não autorizou o uso da água do poço artesiano. E sem a água não dá para funcionar a indústria de farinha”, lamentou Elenilce. ”Com a atenção e investimento do governo estadual, a gente quer repovoar a nossa comunidade, onde nossa familiar reside há mais de 40 anos”.

Era tudo mato

Dona Cornélia Santos Correa, 88 anos, viúva – moradora mais antiga na comunidade, mãe de 10 filhos, 12 netos e oito bisnetos, disse que chegaram [ela e o marido] em Furnas dos Baianos no ano de 1952. “Viemos [do Estado] da Bahia. Aqui era tudo mato e nós formamos [a comunidade] com o plantio de mandioca, milho e arroz. Gosto do lugar e não pretendo voltar para Bahia”, comentou dona Cornélia bem anima.

Já dona Maria Carapiá dos Santos, com 85 anos, é casada com Miguel Correa dos Santos, de 85 anos. Vivem juntos até hoje e são pais de 14 filhos. Eles são os primeiros fundadores de Furnas dos Baianos.  “Chegamos aqui na década de 50. E o lugar era conhecido como Córrego das Antas”, afirmou seu Miguel.

Seu Serafim Gomes da Silva, 82 anos, pai de sete filhos, disse que quando chegou ao local tinha 20 anos. “Aqui comecei minha produção com o plantio de três hectares de mandioca, arroz e feijão. Gostei, estou aqui até hoje e não quero sair”, avisou ele, lembrando que chegaram a Furnas dos Baianos num total de 49 pessoas, entre crianças e adultos.

Deus Dará

A comunidade quilombola Furnas dos Baianos está localizada no distrito de Piraputanga, há 35 km da cidade de Aquidauana. Logo na entrada das Furnas dos Baianos I encontra-se uma placa com nome “Chácara Deus Dará”. Segundo dona Cornélia, o nome foi dado pelo antigo morador da chácara, João Correa dos Santos, na década de 50. “Ele achou o lugar bonito e deu esse nome”, disse ela.

Com um número de atualmente 28 famílias eles sobrevivem basicamente da agricultura familiar com a plantação de milho, feijão e mandioca. Possuem uma organização social denominada Associação Negra Rural Quilombola Furnas dos Baianos, fundada em 1994. Foi reconhecida como comunidade quilombola pela Fundação Cultural Palmares em 2004.

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