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Comunidade quilombola São Pedro desmente o jornal de Sarney

Inverdades sobre o andamento do Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão (Prodim), publicadas pelo jornal de Sarney, na edição de domingo (19), causaram indignação aos moradores de uma humilde comunidade rural do município de Anajatuba. As principais lideranças do povoado São Pedro contestaram a reportagem divulgada pelo jornal “O Estado do Maranhão”.

A lavradora Teresa de Jesus Reis, de 48 anos, disse que ficou surpresa ao ver a sua foto estampada na capa do jornal, com informações truncadas e distorcidas. Segundo ela, os repórteres do jornal “O Estado” abordaram os moradores do povoado São Pedro como se fossem representantes da Superintendência do Núcleo de Programas Especiais (Nepe). “Agora eu sei: eu fui usada; não autorizei para sair minha foto na capa do jornal”, afirmou dona Teresa Reis.

Ela declarou que atendeu aos repórteres do jornal “O Estado” sem saber que estava sendo entrevistada por uma reportagem do jornal de Sarney. “Eles (os repórteres) pediram para ver o andamento da obra financiada pelo Nepe em nosso povoado. Mas depois a gente soube que eles usaram de má fé, com o objetivo de atacar o governador Jackson Lago e o ex-governador José Reinaldo, utilizando entidades comunitárias como a nossa”, afirmou Teresa Reis, sem conseguir esconder a sua indignação.

No povoado São Pedro, a Associação Educacional Rural de Anajatuba (Aera) administra a Escola Família Agrícola Renato Giunipero e desenvolve um projeto de piscicultura incluído na programação do Prodim.

A coordenadora pedagógica da Escola Família Agrícola, Maria Eunice de Jesus Santos, também se manifestou revoltada com a reportagem do jornal de Sarney. “Dona Teresa não é a dona dos açudes, como está escrito naquele jornal. Ela é uma lavradora, atual vice-presidente da Associação e uma das dirigentes da escola”, explicou Maria Eunice.

Dinheiro na conta – Ela enfatizou que também não é verdade que a construtora Silveira deu por acabado o serviço. O que houve, segundo ela, é que a obra foi interrompida pelas chuvas, porque o terreno é muito alagado para permitir o acesso de máquinas. De acordo com Maria Eunice, até hoje nem a Associação nem o Nepe autorizaram nenhum repasse para a construtora. “Nem adiantamento foi dado. O dinheiro permanece na conta da Associação no Banco do Brasil de Itapecuru-Mirim”, afirmou a coordenadora pedagógica.

Nascida e criada em São Pedro, dona Teresa afirmou que houve má fé por parte do jornal “O Estado do Maranhão”. E uma prova disto é que, um dia antes da entrevista, na tarde de quarta-feira, dia 15, o secretário de Agricultura de Anajatuba, Raimundo João Filho, ligou para a Escola Família Agrícola Renato Giunipero, querendo saber o nome da Associação mantenedora da escola, e perguntando se os tanques estavam cheios de peixes.

No dia seguinte (quinta-feira, 16), chegou a equipe de reportagem do jornal de Sarney. “Eram três pessoas, que não se identificaram, querendo informações sobre o projeto de piscicultura desenvolvido pela nossa Associação”, declarou Teresa Reis. Ela informou que o projeto, cuja execução iniciou-se em dezembro de 2006, prevê a construção de açudes, que, além de beneficiarem a comunidade – cerca de 30 famílias quilombolas -, vão servir também de laboratório para os alunos da Escola Família, onde atualmente há 40 alunos matriculados, entre crianças e adolescentes.

Segundo Maria Eunice, os alunos são oriundos de 13 comunidades rurais do município de Anajatuba, dentre as quais oito são remanescentes de quilombos. Entre os alunos, 99.9% são negros e afrodescendentes. Nas eleições de 2006, o governador Jackson Lago obteve 80% dos votos apurados no povoado São Pedro, impondo uma fragorosa derrota à senadora Roseana Sarney.

A coordenadora pedagógica da Escola Família disse que a comunidade acredita no projeto, sabe que ele vai dar certo e está se organizando para que a obra, o quanto antes, seja concluída nesta fase do ano, aproveitando a trégua do período chuvoso.

“Agora, é preciso deixar claro o seguinte: se não fosse o ex-governador José Reinaldo, no seu período de governo, não teríamos conseguido colocar a nossa escola para funcionar. E agora, o governo do Dr. Jackson Lago, temos recebido apoio e estímulo para o projeto da nossa Escola Família, que funciona com sete professores pagos pelo Estado e um pelo município. Portanto, percebemos que existem interesses contrários, que tramam tentando o fechamento da nossa escola”, declarou a professora Maria Eunice.

A Escola Família do Povoado São Pedro, construída em 1993, somente em 2005 entrou em funcionamento utilizando como método a pedagogia da alternância. Além da escola, a Associação do povoado São Pedro conta com a criação de pintos, pois lá foi construído um poço artesiano para servir à escola, existe um kit de irrigação e há ainda a previsão de outros projetos em fase de negociação com o governo do Estado.

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