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Ação ameaça famílias da Comunidade do Camburi

Quilombo do Camburi: Ação ameaça famílias em área quilombola
Salim Burihan
Uma ação de reintegração de posse iniciada em 1976 em Ubatuba ameaça retirar dez famílias do bairro do Camburi, reconhecido na última quarta-feira como uma área remanescente de quilombo pelo Governo do Estado.

O quilombo era uma área fortificada que abrigava negros escravos foragidos no século 19. O local era dotado de divisões e organização interna. O reconhecimento da área pode garantir, hoje, a posse das terras às famílias, que seriam remanescentes da época dos quilombos.

A ação foi impetrada por João Bento de Carvalho, de Santos, e julgada procedente pelo juiz da 1ª Vara de Justiça de Ubatuba, Antônio Manssour Filho. Os oficiais devem cumprir a decisão da Justiça e retirar as famílias da área nos próximos dias.
A ação de reintegração cita apenas duas famílias, mas no local –conhecido como Gleba do Jambeiro– vivem atualmente dez famílias. Todas elas ocupam área que foi reconhecida pelo Estado. O reconhecimento foi garantido através de um estudo antropológico feito pelo Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo).
DEFESA – Ontem, a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo informou que seu departamento jurídico prepara alguma medida para suspender a decisão da Justiça local, como intuito de manter as dez famílias na área.
Hoje, deve chegar ao Camburi a advogada Evane Kramer, da Secretaria de Justiça. Ela vai analisar a sentença dada pelo juiz, conversar com os quilombolas e preparar alguma medida judicial para manter as famílias na área. A ação, segundo a Secretaria de Justiça, não incluiu as demais 40 famílias quilombolas que vivem no Camburi.
Uma das famílias ameaçadas é a de Genésio dos Santos, 78 anos. Segundo o filho de Santos, Juraci, todos os quilombolas estão bastante apreensivos com a decisão judicial, que prevê o despejo das dez famílias.
“Procuramos a União e o Estado para que nos ajudem a permanecer na área”, disse Juraci. Segundo ele, o oficial de justiça dev e aparecer a qualquer momento.

O quilombola João Fernandes Basílio Filho, cuja família também vive a ameaça de despejo, afirmou que os ameaçados não têm para onde ir caso sejam retiradas do Camburi.

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