SP – Quilombo Caçandoca – Desocupação das terras
No dia 13 de maio os Quilombolas da Caçandoca em Ubatuba sentirão na pele, novamente, o prazer da Abolição e o sabor da liberdade.
Está nas mãos de um oficial de justiça da cidade, um mandato expedido pelo juíz local ordenando que os mesmos “desocupem” suas terras, para que a Imobiliária Continental possa ocupá-la.
O Juíz assina assim a carta de alforria destas 50 famílias de negros remanescentes do quilombo da Caçandoca, que a partir de agora poderão escolher livremente a praia onde irão dormir, afinal, estarão livres do peso de possuírem sua própria terra e dela tirarem seu sustento com dignidade; os quilombolas poderão escolher em qual das praias do litoral norte irão vender quinquilharias para os turistas que lotam o litoral na temporada de verão,
desobrigando-se assim de ter que ficar em suas casas, construídas com amor, nas quais não tem água tratada, esgoto, luz ou qualquer conforto, mas que significa o elo deles com seus antepassados; terão com certeza toda a liberdade de assistir estas mesmas casas serem derrubadas pelos tratores ou incendiadas, como já ocorreu uma vez, onde a mesma imobiliária incendiou a casa da farinha do quilombo e as casas onde moraram pais e avós dos quilombolas atuais.
Eles também estarão livres a partir deste 13 de maio para “catar latinhas” na praia, para se embriagarem e serem escorraçados pelas pessoas de bem, que não entenderam como pessoas tão fortes, podem ficar andando a esmo por lugares decentes onde os pés dos brancos pisam sem despreocupação.
E nós, negros que não somos quilombolas, podemos orar para que apareça um Luis Gama ou que Zumbi dos Palmares surja em um raio e faça a Justiça dos Negros, já que esta dos brancos é muito estranha.
Feliz treze de maio para todos os negros que são escravos do racismo, da falta de respeito e principalmente para os quilombolas da Caçandoca em Ubatuba no badalado litoral norte paulista, onde os mesmos terão a liberdade de se afogar no mar azul do Brasil e encontrar a tão sonhada PAZ, já que o fato de apenas querer viver na terra de seus ancestrais não significa nada, afinal, num lugar onde vive um ajuntamento de negros pobres, poderá surgir um belo Condomínio.