MG – Moinho Velho pede Socorro
A Comunidade de Remanescentes de Quilombos do Moinho Velho, no município de Senhora do Porto, está passando por uma situação bastante delicada
A comunidade de remanescentes de quilombos do Moinho Velho se localiza no município de Senhora do Porto/ MG, bem próximo ao município de Guanhães/ MG, no vale do rio Doce. A comunidade do Moinho Velho ou da Barra do Moinho Velho, como também é conhecida, está passando por problemas graves que poderá comprometer em um futuro próximo a continuidade social, estética e cultural de seus habitantes.
A população de Moinho Velho está diminuindo a cada ano de maneira gradual, em decorrência da migração para os centros urbanos em busca de sobrevivência. No local não existe outra fonte de renda que não seja trabalhar para os fazendeiros que ocupam hoje as terras de seus antepassados, que foram griladas ou vendidas a preço de banana. Tentar a vida nas cidades também é uma triste alternativa. Existem residindo no local, onze famílias que chegam a passar fome pelo descaso do poder público. O poder público local ignora a realidade da comunidade e por ter tido as suas terras tradicionais ocupadas, não podem plantar como faziam antigamente.
Na comunidade não existe posto de saúde, esgoto, água tratada e nem escolas. Toda a população precisa se deslocar até a cidade de Senhora do Porto para ter acesso aos serviços públicos. Este deslocamento é muito difícil, pois ninguém da comunidade possui cavalos e precisam depender de um ônibus bastante precário.
O índice de analfabetismo e de doenças é muito grande entre os moradores de Moinho Velho. Uma grande incidência de alcoolismo na comunidade foi observado pela Equipe Quilombos Gerais.
Segundo o morador Francisco Antônio de Lima, a comunidade realizava diversos festejos, como o Batuque e a Marujada. O que pôde ser confirmado na residência de Dona Patrocínia Faustina, de 86 anos, que confirmou a versão de Francisco e apresentou uma caixa de Batuque bastante antiga. Hoje em dia não há mais festejos.
O que está acontecendo com a comunidade de remanescentes de quilombos de Moinho Velho se repete em outras centenas de comunidades quilombolas. Ao perder as suas terras tradicionais, seu território histórico; os moradores ficam com muita dificuldade em poder permanecer na região, pois precisam da terra para plantar, migram sazonalmente ou permanentemente e vão perdendo toda a sua cultura e a sua história.
É preciso que esta situação mude, é preciso que as comunidades remanescentes de quilombos se unam e façam valer o Decreto 4887.