Terreiro na Bahia realiza ciclo formativo sobre enfrentamento ao racismo religioso
No dia 23 de julho, KOINONIA participou do primeiro Ciclo Formativo para o Enfrentamento ao Racismo Religioso, promovido pelo Ilê Axé Omi Ogum Siwajú, localizado na comunidade quilombola Santo Antonio e Vidal em São Félix, Bahia. O encontro foi realizado pelo terreiro em parceria com o Instituto para Raça e Igualdade, ONG Criola e o Ilê Axé Omiojuaró.
A atividade reuniu lideranças religiosas do Recôncavo Baiano e convidados que abordaram a temática do racismo religioso e seus desdobramentos na seara jurídica e os impactos nos territórios negros tradicionais e na segurança alimentar.
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O evento foi coordenado pelo babalorixá Gustavo de Oxossi, que também é bacharel em Direito pela UFBA, mestre e doutor em Estudos Africanos e da Diáspora pela Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos. Babá Gustavo mediou o encontro, apresentando a legislação de combate ao racismo em âmbito nacional e internacional em diálogo com a realidade das comunidades tradicionais de terreiro.
Ana Gualberto, diretora executiva de KOINONIA, falou sobre o racismo religioso e seus efeitos nocivos às religiões de matriz africana, a importância do diálogo inter-religioso para superação da intolerância religiosa e a atuação de KOINONIA junto às comunidades Negras Tradicionais.
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Também foram convidadas Eli Theodoro, liderança quilombola da Comunidade Santo Antonio e Vidal, que contou sua experiência e atuação no fortalecimento da identidade cultural e segurança alimentar no território. Este último tema também foi abordado pela Ekedy Denize Ribeiro do Terreiro da Casa Branca, que explicou como a colonização impactou a dieta da população negra, rica em açúcar e sal, e seus efeitos na saúde desta população na atualidade.
Já Roberta Nascimento, abian do Terreiro Icimimó e coordenadora de políticas públicas para povos e comunidades tradicionais da secretaria de promoção da igualdade racial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) conversou sobre a importância do território para as comunidades tradicionais.
Camila Chagas, advogada e colaboradora de KOINONIA, falou sobre a formalização das casas de axé dialogando sobre os tipos de personalidade jurídica que os terreiros podem constituir enquanto associações, fundações ou organizações religiosas. Um dos encaminhamentos do ciclo formativo foi a realização de uma oficina com os terreiros da região para elaboração do estatuto.
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No evento foi realizado o lançamento da cartilha “Terreiros em luta: caminhos para o enfrentamento ao racismo religioso”.
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