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Com maculelê e capoeira, estudantes lançam livro sobre quilombolas de Porto Alegre

Tadeu Vilani / Agencia RBS

Alunos e professores do Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, uma das escolas que participaram do projetoTadeu Vilani / Agencia RB

Iniciativa do Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul levou alunos de sete escolas públicas da capital até territórios quilombolas para conhecer e narrar suas histórias

Com maculelê – dança dramática de origem africana – e roda de capoeira, além de outras manifestações artísticas, estudantes de escolas públicas e quilombolas lançaram uma obra nesta quinta-feira (14) na Feira do Livro de Porto Alegre. O livro Memórias de trabalho e não trabalho quilombola narra, pelo ponto de vista dos alunos, a realidade vivida em sete quilombos da Capital.

A iniciativa, organizada pelo Memorial da Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul, mobilizou 149 alunos e 28 professores de sete escolas públicas em Porto Alegre – cinco estaduais e duas municipais. No lançamento, realizado na Praça de Autógrafos da Feira, muitos dos presentes tiveram um dia de escritor, fazendo dedicatórias em obras e comentando o processo de criação.

— Para mim foi uma satisfação muito grande poder falar da história, das dificuldades de quem mora em um quilombo — explica Roger Luis Xavier Ribeiro, 16 anos, estudante do 2° ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot.

Roger é, ele mesmo, morador de um quilombo, o Areal da Baronesa, antigo território negro de Porto Alegre conhecido por sua trajetória histórica ligada à origem da cidade.

— Muitos ficaram bem chocados à primeira vista, não passava pela cabeça deles nossas dificuldades, o preconceito. Não imaginavam o passado de um quilombo — detalha o estudante.

 

Mais de uma centena de pessoas, muitas delas envolvidas no projeto, se reuniu na Praça da Alfândega para acompanhar o lançamento, marcado por muita música e manifestações culturais. Para a professora de História Cecília Santana, que fez parte da iniciativa, todo o trabalho representou uma oportunidade rara para os estudantes conhecerem melhor e darem a sua contribuição sobre parte da história da cidade.

— Eles adoraram. Cada um trabalhou com aspectos diferentes dos quilombos e todos aprenderam muito com isso — garante ela.

Um dos funcionários da Justiça do Trabalho que acompanhou a idealização e organização da iniciativa, Marcio Martins explica que o livro aborda aspectos relacionados ao trabalho formal e também àquele não reconhecido com carteira assinada – modo como atuam muitos dos quilombolas.

— A ideia do livro foi trazer os alunos como autores para contar as histórias desses quilombos urbanos de Porto Alegre, tão pouco conhecidos. E eles contam essas história em poesia, em texto, em fotografia. É algo importante para a cidade — detalha Marcio.

Também servidora da Justiça do Trabalho, Roberta Vieira conta que, como as escolas que participaram do projeto foram escolhidas pelas próprias comunidades quilombolas, a receptividade foi muito boa.

— Não só os alunos, mas também muitos pais acabaram se aproximando da história de Porto Alegre. E entendendo um pouco mais da herança escravocrata da cidade.

FONTE: Zero hora em 14/11/2019

 

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