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UM POUCO DE HISTÓRIA: A Trajetória de Luisa Mahin

Por Daniela Yabeta

Não se sabe ao certo o local de nascimento de Luisa, se veio da África como escrava para a Bahia ou se nasceu já em Salvador, sabe-se apenas que pertencia a nação jejê-nagô, da tribo Mahi, dizia ter sido princesa na África e tornou-se livre por volta de 1812.

Ex- escrava e grande liderança rebelde, Luisa fez de sua casa quartel general de todos os levantes escravos que abalaram a Bahia nas primeiras três décadas do século XIX, sendo a mais importante delas a Revolta dos Malês. O levante ocorreu na madrugada de 24 para 25 de janeiro de 1835 e era liderado por escravos muçulmanos. Luisa participou ativamente de sua articulação, aproveitando-se de seu trabalho como quituteira para despachar mensagens em árabe para outros rebelados, com ajuda de crianças que simulavam a compra de suas iguarias. Se a revolta tivesse sido bem sucedida, com os escravos vitoriosos, a quituteira liberta seria empossada Rainha da Bahia Rebelde. Porém, o plano dos revoltosos foi revelado às forças de repressão e os lideres do movimento foram perseguidos e casti­gados brutalmente. Luisa conseguiu fugir para o Rio de Janeiro, onde continuou lutando pela liberdade de seu povo.

Mãe de um dos maiores poetas e lideres abolicio­nistas do Brasil, chamado Luis Gama, percebemos a força de Luisa nos versos do filho: “Sou filho natural de negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luisa Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, genero­sa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa”. Luis Gama era filho de Luisa com um português e nasceu na Bahia em 1830. Outros versos do poeta indicam que Luisa Mahin teve mais um filho, cuja trajetória é ignorada.

Por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras de São Paulo, em 9 de março de 1985, seu nome foi dado a uma praça em Cruz das Almas, bairro da capital paulista.

 

Fonte Bibliográfica:

Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrativo/ organizado por Schuma Schumaher, Erico Vital Brazil – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2000

FONTE: Boletim Territórios Negros, v. 8, n. 35, jul./ ago. 2008

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