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UM TERRITÓRIO: Território Negro do Baixo Amazonas

O território do Baixo Amazonas, composto pelos municípios de Oriximiná, Monte Alegre, Óbidos e Santarém, no estado do Pará, reúne 60 comunidades que descendem de quilombos, localizadas ao longo dos rios Trombetas, Erepecuru, Cuminã e Acapu.

Por volta de 1780 o cacau começou a ser cultivado na região de Santarém e Óbidos; teve inicio também bem a criação de gado. Tal crescimento da economia local aumentou a importância da província do Grão-Pará na economia colonial, e gerou uma necessidade maior de mão de obra. Para atender esta demanda uma grande quantidade de escravos foi trazida para a região para trabalhar nas fazendas. Os registros de fugas de escravos datam das primeiras décadas da chegada dos africanos na província.

Os escravos fugiam pelos rios à noite, subindo para as cabeceiras dos afluentes do Rio Amazonas, se espalhavam ao longo dos rios e das cachoeiras, lugares de acesso difícil, o que era um empecilho para as expedições de captura. Outra preocupação na escolha dos lugares para formar os quilombos era a viabilidade da prática agrícola suficiente para o sustento e que gerasse um excedente suficiente para um pequeno comércio. A comercialização deste excedente gerava um inserção dos quilombolas na sociedade local, estabelecendo uma rede de solidariedade e gerando recursos que viabilizavam a aquisição de outros produtos, ferramentas, entre outras coisas, que garantiam a autonomia da comunidade.

A repressão aos quilombos era uma constante no cotidiano dos aquilombados. Há registros, desde o início do século XIX, de expedições punitivas na caça e destruição dos mocambos. Os quilombos de Inferno e Cipotema, localizados as margens do Rio Curuá, foram destruídos em 1812 por uma destas expedições. Até 1888 registra-se incursões a quilombos na região. Estas ações por vezes geraram abandono de terras e moradias, e capturas de escravos. Mas a busca pela liberdade perpetuou e permanece até os dias atuais.

As comunidades quilombolas do Baixo Amazonas foram pioneiras na luta pela regularização de seus territórios. A comunidade de Boa Vista, foi a primeira a receber o título de propriedade de suas terras pelo INCRA em 1995. No período de 10 anos, 1995 a 2005, 28 comunidades do Baixo Amazonas, tiveram suas terras tituladas. Entretanto, ainda há coisas a fazer e muita disposição para isto. Faltam ainda 50% de territórios quilombolas da região a serem regularizados.

Bibliografia

Site CPI –SP:www.cpisp.org.br/comunidades

FONTE: Boletim Territórios Negros, v. 7, n.31, set./nov. 2007)

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