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UM POUCO DE HISTÓRIA: O jongo e os novos jongueiros

O jongo é uma dança de origem rural e é uma das importantes manifestações culturais que deram origem ao samba. Praticado no Brasil, inicialmente pelos escravos das fazendas de café e cana-de-açúcar, nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, é também chamado de caxambu devido aos tambores de mesmo nome que são feitos de troncos de árvores. O jongo era praticado durante as festas, em vésperas de dias santos ou no final de um período de colheitas e seu canto é realizado sob a forma de versos improvisados que contém uma linguagem figurada e construções de duplo sentido, o que muitas vezes garantiu aos escravos que o cantavam transmitir suas mensagens aos outros cativos sem despertar a desconfiança dos senhores. Por este motivo, as autoridades do período da escravidão acabavam na maioria das vezes por proibir a prática do jongo, por não saber se aquelas reuniões de escravos em torno da fogueira eram apenas divertimento ou reuniões para organizar fugas.

Hoje, diversos grupos de jongueiros se reúnem uma vez por ano no Encontro de Jongueiros que vem acontecendo desde 1996. Este encontro, idealizado pelo professor Hélio Machado de Castro, tem como principal objetivo difundir e “manter viva a parte da cultura do interior ligada aos ciclos econômicos que fizeram parte da nossa história regional”. Assim, o primeiro encontro, realizado em Pádua (RJ), visava o divertimento mas também a valorização da cultura negra e o combate ao preconceito racial. O segundo, realizado em Miracema, e o terceiro encontro, também em Pádua, tiveram o mesmo objetivo que o primeiro. O quarto encontro aconteceu na Lapa, na cidade do Rio de Janeiro; o quinto, organizado em parceria da UFF, a prefeitura e  o Grupo Ylá Du Du, aconteceu em Angra dos Reis (RJ) e teve como objetivo celebrar a resistência da cultura negra no Brasil. O último encontro, realizado em Valença (RJ), teve objetivos muito específicos: a formação da Rede de Memória do Jongo, que pretende difundir o jongo e estreitar os laços entre jongueiros, pesquisadores e, também, o apoio à Comunidade Remanescente de Quilombo de São José da Serra que, baseada no artigo 68 da Constituição, reivindica a titulação das terras em que vive.

De 1996 até 2001 os encontros cresceram muito com a participação de novos grupos de jongueiros, e com a presença de interessados. Atualmente, esses encontros reúnem mais de dez comunidades jongueiras, além de grupos dos movimentos negros e pesquisadores. Na maioria deles a programação prevê uma mesa de debates entre pesquisadores e jongueiros, troca de experiência entre as diferentes comunidades, e uma grande roda de jongo.

FONTE: Boletim Territórios Negros, v. 2, n. 2. 2002

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