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Polícia tenta esconder motivação dos assassinatos de Quilombolas na Bahia

No início do mês de agosto deste ano, a comunidade quilombola de Iúna, localizada no município de Lençóis/BA, foi vítima de seis assassinatos que ocorreram no mesmo dia. No mês anterior, outro quilombola foi assassinado na mesma comunidade. Os assassinatos deixaram toda a comunidade em um clima de terror e preocupou os movimentos de luta pela terra.

As entidades quilombolas e de apoio a comunidade de Iúna, como o Conselho Nacional de Associações Quilombolas (Conaq) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciam a atitude dos policiais de apontar o crime oriundo do tráfico de drogas.

A comunidade vem sofrendo com ameaças desde que o Incra iniciou o processo de regularização do território quilombola de Iúna. Desde então, as ameaças contra as famílias são constantes através de bilhetes colocados embaixo da porta dos quilombolas até arrombamento da escola da comunidade. O clima de terror instaurado pelos crimes esvaziou toda a comunidade como queriam os latifundiários contrários a demarcação, pois das 42 famílias que viviam na comunidade, 30 se refugiaram em outros locais até a questão ser resolvida. Fica claro que os únicos beneficiários dessa situação são as empresas do agronegócio, latifundiários e a especulação imobiliária.

O Quilombo de Iúna possui grande quantidade de água e rios importantes, numa região composta pela paisagem do semiárido, e de grande beleza natural porque está localizada na Chapada Diamantina, muito valorizada para as empresas de turismo.

Polícia trata de esconder a verdadeira motivação dos assassinatos

A preocupação é decorrente no aumento gigantesco da violência no campo, que após o golpe está se transformando numa guerra civil levada adiante pelos latifundiários golpistas. Mas o quem vem preocupando é que os números sobre a violência no campo pelos latifundiários estão sendo manipulados pela polícia para defender os mandantes dos crimes e a motivação.

No caso do Quilombo de Iúna, após os sete assassinatos em menos de 15 dias, as polícias civis e militares rapidamente apontaram o crime como acerto de contas entre traficantes de drogas. A rapidez da polícia em “resolver” o caso revela um modus operandi da polícia para tratar os crimes decorrentes do conflito agrário.

Os números dos crimes cometidos pelos latifundiários contra trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas devem ser muito maiores, pois quando a polícia não esconde a verdadeira motivação nem sequer investigam.

No caso da comunidade quilombola de Iúna, tem que denunciar que os crimes são em decorrência dos interesses dos latifundiários, de empresas do agronegócio e da especulação imobiliária para aterrorizar e expulsar as famílias quilombolas, numa clara tentativa de impedir a demarcação.

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