Associação Quilombola requer reconhecimento imediato de comunidade pela Fundação Palmares
Diante do anúncio de arquivamento do processo de certificação da comunidade quilombola do Córrego da Angélica (processo nº 01420.013320/2015-36, de 13 de novembro de 2015), em Conceição da Barra (norte do Estado), feito pelo representante da Fundação Palmares em reunião realizada no local na última sexta-feira (5), a Associação da Comunidade Quilombola de Pequenos Produtores Rurais do Córrego da Angélica (AQPCA) enviou nesta terça-feira (9) um requerimento ao presidente da Fundação, Erivaldo Oliveira da Silva, contestando a decisão.
O requerimento enfatiza que “as ações dessa Fundação relativas aos quilombolas do norte do Espírito Santo devem ser baseadas no processo histórico e geográfico que classificou a Região do Sapê do Norte, bem como todo o processo de ocupação, o que não tem ocorrido” e reconhece o apoio que a Associação tem recebido do Ministério Público Federal de São Mateus na luta pela estruturação social da comunidade.
A presidenta da AQPCA, Jurema da Conceição Gonçalves, também questiona a forma como o representante da Fundação Palmares chegou à comunidade, pois apesar do processo datar de novembro de 2015, os membros da comunidade foram convidados com apenas dois dias de antecedência e, ao chegarem à reunião, “se surpreenderam com a presença de pessoas estranhas ao processo”.
A líder quilombola afirma também que estranhou o comportamento do representante da Fundação, que “além de não conhecer o processo histórico, não acrescentou nada que pudesse nos ajudar como esperávamos”.
“Não teve o representante desta Fundação sequer o cuidado de visitar as roças já em produção e pelo menos arguir os membros sobre suas atividades laborais (…). Trata-se de uma retomada quilombola e como tal está em processo de organização das residências”, relata Jurema.
O documento reafirma que os requerentes são nascidos e residem no Território Quilombola do Sapê do Norte, do qual “a comunidade rural intitulada culturalmente Córrego da Angélica” faz parte. E, com ela, “mantém laços familiares, econômicos, sociais e culturais”, nela labutando “dentro do princípio da produção familiar”.
Fundação Palmares se posiciona