Atentado a líder quilombola expõe tensão em territórios tradicionais explorados pela Aracruz Celulose
Sufocados pelo deserto verde dos gigantescos eucaliptais da Aracruz Celulose, hoje Fibria, os territórios quilombolas do norte do Estado sofrem de uma tensão crônica. Inicialmente político-econômica, essa tensão foi, ao longo das décadas, se infiltrando no cotidiano das comunidades, invadindo a intimidade das casas e do coração das pessoas. Simples questões domésticas e familiares são infladas por esse estado de prontidão, de insegurança e revolta que caracteriza a relação entre as comunidades quilombolas e a empresa.
Ao sentir o disparo, no joelho, chamou por socorro e foi amparado por colegas quilombolas que estavam próximos. Levado para o hospital, se recupera agora em casa e seu estado de saúde física é estável. O emocional, no entanto, ainda está dilacerado. “Acabou me assustando”, lamenta o fato de agora sentir medo numa região em que nasceu e viveu a maior parte da vida.
E alerta: “Repudiamos a omissão do poder público que não regulariza nem titula os territórios quilombolas do Sapê, ampliando a margem de violência e desrespeito aos direitos humanos na região. Repudiamos a Fibria, a Suzano Celulose e seus mega passivos sociais, econômicos e ambientais na região. Repudiamos as certificações florestais que legitimam a expropriação de terras e da paz no Sapê do Norte”.