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Comunidade quilombola do Engenho II recebe esclarecimentos sobre violência sexual e contra a mulher

A comunidade calunga do Engenho II, a mais próxima do município de Cavalcante, distante cerca de 25 quilômetros, recebeu nesta quarta-feira (13/7) mais uma ação aproximativa do Ministério Público de Goiás, durante a realização das festas religiosas quilombolas. Durante cinco dias, a celebração do grupo é em louvor a Santo Antônio, padroeiro da comunidade do Engenho II.

Mais de 150 pessoas acompanharam dois momentos de conversa e escuta promovidos pelas promotoras de Justiça Úrsula Catarina Fernandes Silva Pinto e Rúbian Corrêa Coutinho. Úrsula Catarina, titular da Promotoria de Cavalcante, abordou o tema do abuso sexual. Dirigindo-se especialmente ao grupo de crianças presentes na festa, ela falou sobre o que caracteriza um abuso sexual e a importância de se falar com um adulto de confiança sobre carícias inapropriadas ou nas partes íntimas. 

O adulto de confiança, segundo esclareceu, pode ser alguém da família, um professor e também os integrantes do Conselho Tutelar, que também compareceram. Visando esclarecer o tema em uma linguagem mais direcionada ao público infantil, foi exibido um vídeo que trata do assunto e apresentada uma música que fala sobre o respeito ao próprio corpo. 

Já a promotora Rúbian Coutinho, da 63ª Promotoria de Goiânia, cuja atribuição abrange violência doméstica e contra mulher, abordou a aplicação da Lei Maria da Penha, iniciando sua fala com uma dinâmica de interação. Em seguida, incentivou a participação dos adultos, em sua maioria homens, para falar sobre as principais características de homens e mulheres. Após a definição de cada perfil, ela esclareceu que ambos os sexos podem ter personalidades muito próximas, não havendo porquê dizer que existem “coisas de homem” e “coisas de mulheres”, sendo necessário, portanto, haver maior igualdade entre os sexos, numa relação baseada no respeito.

A promotora distribuiu ainda uma cartilha com informações sobre a Lei Maria da Penha. Uma lei que, para ela, “veio dar força a quem é fraco”. Conforme destacou, a intenção é que os homens da comunidade do Engenho II sejam multiplicadores desta cultura de igualdade e respeito dentro de casa. “Precisamos mudar a realidade”, asseverou. 

Durante as falas, uma servidora da comarca ficou disponível para receber demandas específicas da comunidade. Como esclareceu a promotora Úrsula Catarina, a visita busca aproximar ainda mais o MP das comunidades quilombolas, levando atendimento da promotoria. Desse modo, acompanharam também a atividade, pelo MP, os servidores da comarca de Cavalcante e integrantes da Coordenadoria de Apoio à Atuação Extrajudicial (Caej).

Manter a cultura 
Aos 74 anos, Josino Faria da Silva busca manter a tradição religiosa em celebração a Santo Antônio durante a festa na comunidade. Segundo afirma, ele leva os netos para acompanhá-lo nas procissões, momento em que explica como conduzir a bandeira e saudar as residências quando a folia chega às casas. “É preciso manter a tradição do nosso povo”, assegurou.

Conforme esclareceu, ele ocupa a figura do alferes, o responsável por conduzir a bandeira do festejo e liderar a procissão, que é composta também pelo encarregado, aquele que lidera os foliões. Num total de 16 pessoas, eles visitam as casas abençoando os moradores e cantando músicas de louvor, encerrando a procissão na capela. Ao final, fazem o “bendito de mesa”, uma benção do alimento que será servido aos participantes do festejo, que segue noite adentro com música e dança. 

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