Facebook de empresária faz comentários racistas à comunidade quilombola do Piauí
A empresária Edileuza Ceia, natural do município de São Francisco do Maranhão, leste maranhense, teve celular roubado na cidade de Fortaleza no último sábado (18/06). A partir de então, postagens racistas apareceram em seu Facebook. Ela alega que quem as faz está usando a sua conta vinculada ao aparelho roubado.
Edileuza destaca que por causa disso está enfrentando problemas na vida pessoal e nos negócios, em razão dos comentários onlines. “Facebook fica aberto o tempo todo e que qualquer pessoa teria acesso ao seu perfil”, explica-se.
OFENSAS ÀS PIAUIENSES
O perfil da empresária comenta nas fotos de três jovens da cidade piauiense de Amarante, na comunidade quilombola do Mimbó, a 204 km de Teresina, que se intitulam “perigosas da noite”. O teor das opiniões é preconceituoso. “Não precisa nem pagar pra vc6 assombrar a noite, pq vc6 São um verdadeira assombração! Se eu visse vocês em um beco eu saia correndo! Mais vc6 são o terror da noite!!!” (SIC), diz um dos comentários.
Em resposta à empresária, uma das ofendidas disse que não vai deixar quieto o que Edileuza supostamente fez. De acordo com os comentários, a empresária se referia à cor da pele, ao cabelo, do vestuário das amarantinas. “Falando do nosso cabelo do nosso modo de vesti i isso é muito errado que ela fez isso não vai fica queto i nem vou deixa queto não”, disse.
Em outro comentário, o perfil de Edileuza acrescentou que ela é “linda e gostosa”, enquanto as moradoras da região quilombola são “horrorosas”, devido ao figurino e cabelo. “Essas pessoas que estão chamando vocês de lindas estão é rindo da cara de vocês pq não tem coragem de falar a verdade”, comentou.
“NÃO FIZ NADA”
Logo vieram as defesas contra as mensagens preconceituosas da conta da empresária. João Victor Barbosa destacou que sente nojo e pena de pessoas que pensam dessa forma sobre os outros. “Só sinto duas coisas por esse tipo de pessoa, tais coisas são: PENA E NOJO!”, exclamou.
Edileuza logo tentou se explicar, afirmando que jamais diria isso da cidade onde morou por cinco anos e que está sofrendo bastante com essa repercussão. “Estou tendo sérios problemas porque estão falando mal de mim sem que eu tenha feito nada”, disse ela ao assegurar que já acionou os advogados e vai entrar com uma ação judicial por danos morais.
AMIGOS DEFENDEM EMPRESÁRIA
Edileuza Ceia vive em Fortaleza e é dona de um salão de beleza e um restaurante na capital do Ceará, há mais de 30 anos. Ela acredita que a pessoa que está fazendo isso que prejudica-la em seu trabalho, o que motivou as agressões sobre racismo e uso de roupas. “De uma forma ou de outra essa pessoa está querendo me prejudicar nos meus negócios, ou até mesmo na minha vida pessoal”, encerra.
Amigos de Edileuza faziam campanhas na internet em sua defesa e pediram que as pessoas averiguassem a situação, de forma que não a acusassem sem os devidos fundamentos. “Vi que na postagem ela escreveu com erros ortográficos, coisa que não acontece nas postagens do face dela. Fiquei me perguntando se isto não é coisa de face raqueado. Sua escrita não condiz com a idade. Melhor entrar em contato com ela.”
FACEBOOK ATENDE PEDIDO
O Facebook foi informado das postagens, assim como do roubo do aparelho e, em favor da cabeleireira, bloqueou o seu perfil na manhã desta terça-feira (21/06). A polícia está investigando o caso. Um Boletim de Ocorrência foi registrado na Delegacia de Polícia pelos advogados de Edileuza, que estão levantando informações para identificar o autor do roubo do celular e então acionar a Justiça pelos danos morais provocados contra ela na rede social.