Polícia abre investigação para apurar explosão em quilombo no Rio
A Polícia Civil do Rio abriu uma investigação para descobrir quem jogou um artefato explosivo em uma casa no Quilombo do Camorim, no Maciço da Pedra Branca, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, por volta das 19h30 da última sexta-feira (8).
O caso tem uma registro na 32ª DP (Taquara). Conforme relatos dos quilombolas, uma bomba de fabricação caseira foi lançada e explodiu na frente da porta de um dos moradores. Segundo denúncias, milicianos estariam por trás de ameaças a comunidade.
O caso, denunciado à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi encaminhado também à Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) nesta quinta-feira (14).
"A vítima e sua família serão acompanhadas pela Comissão. O caso é muito grave", disse a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Mariele Franco.
Pedaços de plástico e parafusos se espalharam pelo quintal, e uma parte do material foi recolhida pelos moradores, a fim de fundamentar a denúncia na Draco. O suposto alvo do atentado escapou porque estava em uma reunião.
O Quilombo do Camorim foi certificado como comunidade remanescente de quilombos em 2014 pela Fundação Cultural Palmares. Segundo a Fundação, o Camorim tem registros de quilombo desde 1574. A igreja de São Gonçalo do Amarante, símbolo do local, foi construída em 1625.
Ameaças
Segundo testemunhas, há 13 anos, estão atuando na região milicianos dos morros César Maia, em Vargem Pequena; Covanca, em Jacarepaguá; Jordão, na Praça Seca, além do próprio Camorim. Recentemente, os paramilitares passaram a circular a região do quilombo de carro e fazer ameaças.
"Nunca aconteceu nada parecido. Estamos, sim, assustados", disse um morador da região, que conta ainda que, após as 20h30, poucas pessoas ficam fora de casa no local. "Eles circulam com carros e ficam de olho no que acontece. Por essas coisas, o movimento, que era muito grande na rua, praticamente acabou."
Cobranças
Desde 2015, apesar da resistência de moradores, homens fortemente armados com pistolas e até fuzis estariam cobrando R$ 65 pelo botijão de gás e R$ 35 pelo serviço de "gatonet", tv a cabo pirata.
Atualmente, 100 pessoas moram no quilombo, que ministra atividades sociais e culturais de religiões de matriz africana, como rodas de jongo, oficinas de capoeira e artesanato, além da formação de jovens como guias de turismo ecológico.