CONAQ realiza Oficina de Mulheres Quilombolas em Kalunga
A CONAQ é uma organização de âmbito nacional que representa os (as) quilombolas do Brasil. Dela participam representantes das comunidades quilombolas de 24 estados da federação: Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Sergipe, Paraíba, Minas Gerais, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins e Rio Grande do Norte. Em 2016 a CONAQ completa 20 anos de luta e identidade quilombola e esta luta onde as mulheres tem papel fundamental na organicidade e resistência inspiradas em Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Aqualtune e tantas outras que servem de exemplo para lideranças quilombolas na luta hoje, pelo território e afirmação da identidade quilombola, e nós, mulheres quilombolas, remanescentes diretas dos povos africanos, estamos distribuídas em uma população de cerca de 130 mil famílias. Somos mães, filhas, professoras, jovens, estudantes, mestras de saberes, lideranças de territórios em conflitos com as mais distintas situações.
Mantemos uma das culturas identitárias da nação em sua matriz, com os conhecimentos conforme recebemos de nossas ancestrais e, apesar disso, somos invisibilizadas por uma história conveniente às elites, por interesses de economia nacional, por um Estado que pouco se preocupa em reparar o que não nos foi garantido em séculos de história.
Nos territórios quilombolas sofremos também com os conflitos agrários, apesar de todas as formas de preconceito já estabelecidas estamos ainda mais vulneráveis devido às lutas enfrentadas em defesa de nosso espaço ancestral. Estamos cansadas, nós e nossas famílias, de sermos criminalizadas pela posse das terras que herdamos, quando sequer são lembrados o que nos foi tirado a partir da escravização.
O direito de existir e de acesso às políticas que as mulheres quilombolas temos está atrelado ao acesso à terra, base à sobrevivência, à manutenção de nossa identidade étnica. Queremos a garantia da propriedade de nosso território e sua proteção como patrimônio. Só assim teremos o direito de acessar todas as demais políticas desenvolvidas. Para alcançar o bem-viver, reivindicamos o direito de sermos diversas em nossos modos de ser, de crer, de pensar e de ir e vir. De sermos reconhecidas pelo Estado e de participar dos resultados econômicos do que ajudamos a produzir.
As comunidades quilombolas enfrentam historicamente um grande desafio que é a garantia de manter-se viva sobre os territórios tradicionalmente ocupados. Esses territórios estão espalhados por todo país e são alvos da especulação, pois em alguns contextos são áreas de interesse dos empreendimentos imobiliários, da expansão da fronteira agrícola, dos grandes projetos de desenvolvimento nacional, criação de unidades de conservação, latifundiários, violência, entre outras.
Nesse processo histórico, as mulheres são responsáveis em sua maioria, pelas ações de preservação e desenvolvimento dos territórios, e da economia local, tanto quanto à cultura, o que mantém vivo também, outros processos identitários de resistência e preservação.
Acreditando na autonomia e no protagonismo das mulheres quilombolas, reafirmamos a importância de espaços de auto-organização das mulheres, jovens e meninas, que respeitando a ancestralidade e os processos internos de socialização, garantindo os direitos das crianças e idosas, visando a melhoria da qualidade de vida de toda a comunidade, afirmamos a necessidade de estarmos realizando a Oficina Nacional de Mulheres Quilombolas contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, de 18 a 20 de março de 2016, na Casa Kalunga em Cavalcante – GO, realizada pela CONAQ, MALUNGU – Coordenação das Comunidades Quilombolas do Pará, Associação Quilombo Kalunga, Casa Kalunga, com apoio do Fundo Socioambiental Casa, ECAM (Equipe de Conservação da Amazônia) e Diretoria de Política para as Mulheres Rurais e Quilombolas – MDA, potencializando a participação e visibilidade de mulheres quilombolas dos municípios de: Teresina, Cavalcante e Monte Alegre – GO, Coordenadoras da CONAQ de vários estados: PE, PI, RJ, MG, ES, MT, PR, SP, PA e MA. A realização desta Oficina nesse momento histórico é extremamente importante para reafirmação do empoderamento, autonomia e da cidadania das mulheres quilombolas.
PROGRAMAÇÃO
18 de março de 2016
13h – Credenciamento; 13h30min – Abertura da Oficina;
14h – Roda de Conversa com a Procuradora Federal, Dra. Deborah Duprat – MPF, com lideranças locais de Teresina, Cavalcante e Monte Alegre – GO;
16h – Considerações e encaminhamentos com o MPF;
18h – Abertura da Exposição Fotográfica Mulheres Quilombolas em Marcha de Ana Carolina Fernandes;
19 de março de 2016
09h – Mística de Abertura;
09h30min – Roda de Conversa com a Diretora de Política para Mulheres Rurais e Quilombolas – MDA Célia Watanabe; Deputada Federal Érika Kokay; SEPPIR, SUPIR– GO, SDH, FCP e CONAQ;
11h – Considerações e encaminhamentos;
Intervalo do almoço: Exibição do Filme Dandaras: A Força da Mulher Quilombola de Ana Carolina Fernandes;
14h – Trabalho em Grupos: Contra o Racismo e Contra a Violência
Grupo: Tereza de Benguela – Contra o Racismo Grupo: Dandara dos Palmares – Contra a Violência
15h – Apresentação dos trabalhos em Grupo e considerações em Plenária 16h30min – Oficinas pelo Bem Viver
- Turbante
- Saúde da Mulher Quilombola
- Penteado Afro
19h30min – Atividades Culturais
20 de março de 2016
09h – Avaliação da Oficina de Mulheres Quilombolas contra o Racismo, a Violência e pelo Bem viver;
11h – Planejamento de ações e calendário de mobilização nacional; 13h – Encerramento;
Mais informação: CONAQ (QE 24, Conjunto A, Casa 02, Guará – Brasília – DF/Brasil)
Contato: (61) 3321-3544 (61) 8364-1711 (61) 9807-1069 E-mail: conaqadm@gmail.com