• (21) 3042-6445
  • comunica@koinonia.org.br
  • Rua Santo Amaro, 129 - RJ

Pretinhos de Santarém Novo mantêm viva tradição quilombola

Francisco Martins de Oliveira é o nome da principal avenida do município de Santarém Novo, no nordeste do Pará. Na maior parte do tempo, os 6.400 habitantes vivem uma vida bem sossegada. Mas uma tradição é protagonizada todos os anos durante a quadra junina: a dança dos pretinhos. A dança, encenada pelos homens da cidade, deixa a pequena localidade mais animada, ajudando a manter viva uma tradição quilombola.

Mike tem apenas nove anos, mas já dança como pretinho. Na sua família, ele é a quarta geração a participar da manifestação cultural. "O primeiro foi o bisavô, depois o avô, o pai, e ele, filho, que já está indo na caminhada dos pretinhos, e se Deus quiser vai continuar sempre", diz a mãe, Clemilda Paixão.

Os ensaios ocorrem de forma improvisada, geralmente no quintal de algum integrante. "Qualquer lugar, se der o espaço, a gente ensaia", conta Ernaldo Loureiro, cantor do grupo. O fato do grupo só ter homens tem uma explicação. É que quando a manifestação começou a ser encenada, na época da escravidão, as mulheres não podiam se divertir. "Mas a gente ajuda no enfeite, na ornamentação", afirma Etelvina Farias, funcionária pública.

Após serem pintados, todos os integrantes do grupo se transformam nos pretinhos. Dona Maria é uma das mais antigas. Ela é responsável por uma das tarefas mais importantes: fazer a tinta que dá nome ao grupo.  "Eu tenho couro que a gente faz a farinha, embaixo fica o sujo da lenha e a gente raspa, bota numa vasilha, coloca água e mexe até aguar. Depois a gente coloca um pouco de óleo para ficar brilhoso no corpo".

Depois de preparar tudo, a pintura corporal começa, e os meninos vão se transformando em outras pessoas, ficando com aparências mais próximas aos antepassados quilombolas. "Isso vem lá dos mais antigos, a gente vai influenciando a garotada, vão vendo, entrando no grupo", conta o coordenador dos Pretinhos, Kzan Marques Mendes.

A apresentação deste ano foi na escola municipal da cidade. Uma aula bem diferente, cheia de tradição, cultura e história da região. "Isso é muito rico para nós, enquanto professores, na educação. Para não deixar esquecida a cultura do seu local, a história da sua cidade, da sua família", concluiu a pedagoga Laélia Rodrigues.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo