Projeto que visa renda e empregos está parado em quilombo de Pitangui
Moradores da única comunidade quilombola de Pitangui, reconhecida pelo Ministério da Cultura sofrem com a falta de empregos. Um projeto de avicultura criado para gerar renda para as famílias está parado há quase três anos. O investimento que custou R$ 250 mil para construção de galpões, hoje desaparece no meio do mato. Segundo a Fundação Banco do Brasil, as etapas do cronograma físico-financeiro para a construção de todas as estruturas foram cumpridas. Como os insumos não foram adquiridos dentro do prazo legal de vigência de 60 meses do convênio, a Fundação ficou impossibilitada de realizar o repasse residual.
O Quilombo do Veloso abriga 67 famílias e as características de uma comunidade rural. São 300 descendentes de escravos que trabalharam nas minas de ouro e nas fazendas dos barões do café do Centro-Oeste mineiro. As primeiras famílias chegaram no local em 1.800. O lavrador Joaquim Tavares é bisneto da primeira moradora. Segundo ele, o único problema na comunidade é a falta de emprego.
Para evitar que muitas famílias e principalmente os jovens deixem a comunidade para trabalhar nas cidades próximas, em 2007, os moradores se uniram, formaram uma associação e decidiram investir na avicultura. Foram construídos 6 galpões que abrigariam 10 mil aves. O investimento que transformaria a vida da comunidade desaparece no meio do mato.
Há dois anos e meio a obra está parada. Um vendaval destruiu uma parte do telhado. O plástico que protegeria as aves do vento quase não existe mais. O projeto prevê a criação de frango caipira. A carne seria destinada ao programa merenda escolar do Governo Federal. A produção iria gerar uma renda média de R$ 13 mil por mês para a comunidade. Dinheiro que faz falta. “Tem muita gente que precisa, os jovens saem da comunidade em busca de emprego. Se tivesse os jovens estariam trabalhando”, disse a lavradora, Geni Maria Conceição.
Para participar do projeto, os moradores participaram de cursos no Sebrae, Senac e outros órgãos de desenvolvimento social. Foram investidos R$ 250 mil na construção dos galpões com recursos da Fundação Banco do Brasil. Em um documento, apresentado pelos moradores, as obras teriam que ser concluídas até dezembro de 2012. Seis meses antes, a associação recebeu o comunicado de que o tempo de implantação havia terminado. "No documento constava 66 meses, as pessoas esperavam por esse prazo. A comunidade ficou prejudicada", disse a líder comunitária, Evanice Pereira Lima.
Com a divergência no prazo, o restante da verba foi bloqueado são R$60 mil. Sem o dinheiro, os moradores não conseguem terminar os galpões. O lavrador José Francisco trabalhou desde o primeiro dia na construção. É com desânimo que ele vê o resultado de tanto trabalho acabar assim. "A sensação que a gente tem é de que onde a gente derramou suor pensando num futuro não deu em nada. Mas tenho esperança ainda”, disse.
A prefeitura de Pitangui informou que mesmo sem ter obrigação com o convênio, se dispôs a ajudar, oferecendo colaboração, insumos e máquinas. Porém, o problema maior é o gerenciamento e a administração da associação, que atrasou a construção, não adquiriu os insumos necessários e nem tem mão de obra definida e nem recursos para tocar o projeto.