I Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas
Entre os dias 13 e 15 de maio ocorreu, em Brasília, o I Encontro Nacional de Mulheres Quilombolas. O tema do encontro foi “O protagonismo das mulheres quilombolas: avanços e desafios” e contou com a presença de aproximadamente 1115 mulheres.
Dona Sebastiana, do quilombo de Carrapatos, em Minas Gerais, fez a fala de abertura destacando a importância da troca de conhecimentos: “O saber é muito importante, mas não serve pra humilhar aquele que não sabe nada. Isso é pior do que a chibata dentro da senzala”.
Logo em seguida, Rosalina, do quilombo de Tapuio, em Piauí, prestou homenagem a Maria do Céu Ferreira da Silva, liderança quilombola da comunidade de Serra do Talhado Urbano, na Paraíba. Em outubro de 2013, o ex-marido de Maria do Céu, inconformado com a separação, ateou fogo na quilombola, que não resistiu aos ferimentos e faleceu: “Em nome de tantas mulheres quilombolas que na luta encontram-se privadas de sua liberdade, ameaçadas de morte e por todas que tombaram na luta, que tiveram seu sangue derramado pelo conflito agrário, violência doméstica, em nome de cada menina que nasce, em nome de cada mulher que assume o papel de transformar a sociedade racista, machista e patriarcal, é que construímos este momento para trocarmos experiências, histórias, recarregar as energias e continuar a transformar o destino e a escrever as páginas da história das mulheres que tem memória, cultura e alma”.
Vânia, do quilombo da Marambaia, no Rio de Janeiro, cantou “Disparada” de Geraldo Vandré e Theo de Barros.
A mesa de abertura contou com a presença de Jorge Chediek, representante residente do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento no Brasil (PNUD); Givânia, quilombola de Conceição das Criolas (PE) e Coordenadora Geral de Regularização de Territórios Quilombolas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); Ilma Fátima de Jesus, do Ministério de Educação (Mec); Cátia Souza, do Ministério da Saúde; Karla Hora do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); Hilton Cobra, da Fundação Cultural Palmares; Mara, da Via Campesina; Mathilde Ribeiro, da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab); Jô Brandão quilombola Maranhense representante da Fundação Nacional do Índio (Funai); Núbia de Souza, da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (Conaq), e a Ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
No dia seguinte, na parte da manhã, Mathilde Ribeiro apresentou uma análise da conjuntura nacional quilombola. Destacou os 18 anos da Conaq como um “pólo organizador” das comunidades quilombolas e as políticas públicas integrantes do Programa Brasil Quilombola (PBQ). Na parte da tarde, as mulheres foram separadas em grupos para discussão de temas como violência, território, educação e saúde.
As deputadas federais Jô Moraes (PCdoB-MG), Erika Kokay (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ) também estiveram presentes.