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Fala Quilombola: Liderança do Bracuí fala sobre ausência da comunidade no desfile do Império Serrano

A Comunidade Negra Rural Quilombola de Santa Rita do Bracuí realmente se sentiu e ainda se sente ofendida pela falta de bom senso da Escola de Samba Império Serrano por produzir um samba enredo que fala de Angra dos Reis e cita a Comunidade Quilombola da mesma cidade sem nem mesmo comunicar a comunidade! Nós existimos, estamos aqui, praticamos o Jongo e o Jongo é o pai do Samba! Mesmo assim, fomos ignorados como se fôssemos um conto do "Boi da Cara Preta" pra fazer crianças dormir! Resistimos e estamos aqui! Sofremos repressões a todo instante! O Jongo é a nossa vida, nossa paixão! Não sendo instrumento para apenas ser apresentado em uma avenida como se vivêssemos nas mil maravilhas! O Jongo é instrumento de luta, de resistência. Não fazemos uma roda de apresentação e sim vivenciamos o Jongo a cada ponto cantado, a cada tambor tocado, a cada fogueira acesa e se existimos ainda como Comunidade Quilombola é por causa do Jongo encarnado na presença de nossos ancestrais e de nossos mais velhos no desenrolar de nossa historia! Sofremos com o preconceito, a intolerância, com a especulação imobiliária, com o aliciamento do nosso povo, a morte de nosso território junto com sua fauna e flora preservada pelos nossos mais velhos, nossos Griôs. Que nem na hora da morte tem o direito de ser enterrado em seu território sagrado, cujo seus ancestrais estão! Dou como exemplo D.Antônia que seus restos mortais foram sepultados em um cemitério comum, atrás daquele que foi reservado para nós Quilombolas da Comunidade de Santa Rita do Bracuí há mais de trezentos anos, reafirmando a visão de alguns que nossa cultura e tradição só servem quando se tem outros interesses envolvidos. Interesses esses que não vem somar com a luta remanescente de nossa Comunidade! A escola de Samba Império Serrano parece ter esquecido suas raízes e planta sem raiz seca e morre sem dar frutos, por isso respeitamos nossos mais velhos e os seguimos com muito asé! Aqui é terra de preto e Negro é o que tem com abundância, sendo desnecessário sermos representados por pessoas desconhecidas em um carro alegórico, levando o nome de Santa Rita do Bracuí onde não nos sentimos representados! Jongo não é vestimenta, Jongo não é Glamour, Jongo é sentimento, Jongo é coração, Jongo é ter os pés nos chão servindo para reverenciar aqueles que passaram e nos deixaram esse solo sagrado! Pensamento esse ensinado pelo Griô Zé Adriano no ponto de Jongo que diz "Gente na terra dos outros não pode fazer o que quer, aqui em cima é Santa Rita, La em baixo é São Jose!”

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