UFT aprova cota para estudantes de comunidades quilombolas
A Universidade Federal do Tocantins (UFT) aprovou, por meio do Conselho Universitário (Consuni), cota para estudantes pertencentes a comunidades quilombolas no processo seletivo dos cursos de graduação da UFT. A aprovação aconteceu durante uma reunião nesta terça-feira (19) na universidade, em Palmas.
Durante a reunião os presentes aprovaram de modo unânime pela criação da cota de 5% das vagas disponíveis, o que quer dizer que os moradores e descendentes de comunidades quilombolas terão 85 vagas do total disponibilizado pela universidade. As vagas são para ingresso a partir do segundo semestre do ano que vem.
Segundo o professor e escritor Wolfgang Teske, que há mais de dez anos pesquisa comunidades quilombolas do Tocantins, principalmente a comunidade Lagoa da Pedra, na cidade de Arraias, sudeste do estado, o sistema de cotas para quilombolas é um avanço. "Apesar de ter cotas para afrodescendentes, os quilombolas não conseguem ser contemplados. A disputa é desigual". Teske argumenta que as vagas destinadas exclusivamente a esta população vão ajudar mais estudantes das comunidades a chegarem na universidade e a minimizar a discriminação racial e social.
Segundo o pesquisador, no Tocantins a população quilombola é maior que a indígena. Há 28 comunidades reconhecidas segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Conforme informações do professor Teske cerca de 18 estão em processo de reconhecimento e mais de 30 ainda caminham para este processo.
Dados da Secretaria de Defesa Social do Tocantins apontam que são 37 comunidades quilombolas em processo de identificação. O supervisor de afrodescendentes e povos indígenas da secretaria, André Luiz Gomes da Silva, confirma que destas, 12 já foram visitadas para receberem o certificado de comunidade quilombola pela Fundação Cultural Palmares.
A vice-reitora da universidade Isabel Auler diz que a demanda de cotas para quilombolas é uma discussão antiga. Em 2004 a UFT adotou a cota para indígenas e segundo ela, desde então, os quilombolas vêm apresentando documentos para comprovar a necessidade deles também terem cotas específicas. "Para a UFT é um avanço e reconhecimento. Comprova que a universidade tem um compromisso social", complementa Isabel.
Segundo a vice-reitora, o Ministério da Educação já oferece bolsas de R$ 900 para a permanência do aluno indígena e quilombola na universidade. Além deste incentivo, a UFT vai implementar programas de apoio pedagógico para os estudantes.
Na reunião também ficou definido que a partir de 2014 a universidade vai destinar 50% das vagas ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Enem. Em 2015, segundo a vice-reitora da UFT, 100% das vagas serão preenchidas por meio do Sisu.