12 de março de 2013
Cultura quilombola capixaba vai à África
A cultura quilombola presente no Sul do Espírito Santo fez uma viagem de volta para as suas origens africanas. Por meio de um intercâmbio cultural, Maria Laurinda Adão, moradora da comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, e o produtor e diretor Genildo Coelho Hautequestt participaram de uma extensa agenda de atividades em Moçambique.
A visita foi para conhecer os costumes locais e apresentar aos moçambicanos o registro de práticas tipicamente africanas existentes no Estado.
Ano passado, a pesquisadora Sara Passabon Amorim, buscando incrementar sua tese de doutorado, levou para o exterior um material que retrata a cultura dos negros no sul do Espírito Santo.
Sara exibiu o documentário Todas as Faces de Maria, produzido pelo capixaba Genildo Coelho Hautequestt e que narra a história de Maria Laurinda Adão.
A narrativa sobre a vida da personagem, que é mestra em Caxambu, acabou conquistando a simpatia e a curiosidade dos alunos da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo – maior cidade e capital de Moçambique. Assim a instituição convidou Maria e Genildo para conhecerem o país.
Durante os oito dias de viagem – de 14 a 22 de fevereiro – além de exibir o documentário, a dupla aproveitou a ocasião para fazer o pré-lançamento do livro homônimo ao filme. O exemplar, cujo projeto foi contemplado pela Lei Rubem Braga, será lançado oficialmente no próximo dia 13 de maio em Monte Alegre.
A repercussão da obra não parou por aí. Após participar de um programa de circulação nacional, a protagonista do documentário ganhou seus quinze minutos de fama em Moçambique. “Maria deu entrevista para um programa e, no outro dia, ela foi reconhecida andando na rua. Foi legal ver que as pessoas acompanham e se interessam pelo assunto”, contou o produtor.
No documentário, a bisneta de escravos Maria Laurinda narra histórias que falam das tradições e da resistência de sua comunidade quilombola. O documentário é fundamentado em relatos e em conhecimentos passados através dos pais, avós e bisavós de Maria – descendentes de escravos provenientes da Fazenda Boa Esperança.
O projeto do curta-metragem foi um dos contemplados pelo Edital de Produção de Documentários da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) em 2011. Já a viagem de Genildo Coelho e Maria Laurinda à Moçambique foi viabilizada com recursos do Edital de Locomoção 2012 da Secult.