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Projeto Dom Helder e Movimento Quilombola: Formação profissional e desenvolvimento

 

Desde o ano de 2008 o movimento quilombola, no Piauí, e o Projeto Dom Helder Camara (PDHC) firmaram parceria para apoiar jovens quilombolas, estudantes das Escolas Família Agrícola existentes no estado. O apoio consiste em uma ajuda de custo mensal para complementar o esforço que as famílias e comunidades fazem em garantir alimentação e as viagens dos alunos entre suas casas e as escolas, pois os cursos funcionam no regime de alternância. No final de 2012, aconteceu a formatura de novos técnicos desta parceria.
 
Concluíram o curso e colaram grau, em José de Freitas, os alunos Erismar Bordon dos Santos e Simone Leite Nunes, e em São Lourenço do Piauí, Luciano da Silva Ribeiro, Cleiciel Magalhães e Wedson Gomes.
 
Os três novos técnicos formados em São Lourenço, na Escola Família Agrícola Serra da Capivara, tiveram com seus colegas de turma uma festa de formatura completa, com solenidade e baile no principal clube da pequena cidade, no dia 22 de dezembro de 2012. Na solenidade, o Projeto Dom Helder Camara foi convidado de honra, compondo a mesa com outras instituições e autoridades locais.
 
Além da solenidade e baile de formatura, os alunos formados em São Lourenço também tiveram uma atividade simbólica de "apresentação dos novos técnicos às famílias e comunidades". Essa apresentação foi feita em reuniões com lideranças quilombolas, representantes das famílias e os próprios alunos formados.
 
Uma das reuniões foi realizada na comunidade Lagoa do Mel, São Raimundo Nonato, na casa do técnico Cleiciel Magalhães, no dia 27 de dezembro. Na reunião, os agora formados falaram das expectativas quanto ao futuro e agradeceram ao Projeto Dom Helder, à Cáritas Diocesana, onde fizeram os estágios, e ao movimento quilombola pelo apoio recebido. "Agradeço a meus pais, à Cáritas Diocesana, à escola e ao Projeto Dom Helder pelo apoio. Sem esse apoio teria sido mais difícil, mas o apoio não foi só financeiro, tivemos muitas atividades de capacitação, que completaram o que a gente viu na escola", declarou o agora técnico Luciano Ribeiro.
 
As famílias também falaram das dificuldades para manter os alunos estudando e da esperança que alimentam nesses novos técnicos em agropecuária que terão em suas comunidades. ?Foi muito difícil pra gente manter os meninos na escola, porque toda a despesa era com a família, e a escola é comunitária e não tem como dar a comida. Sem esse apoio do Dom Helder a gente não tinha agüentado, ainda mais num ano de estiagem como o de 2012. Estamos muito felizes, é uma vitória pra gente ver um filho recebendo um diploma?, comentou Ursílio Braz, pai de um dos alunos formados.
 
Durante essas reuniões de apresentação também se fez uma avaliação da parceria que possibilitou a quase 20 jovens terem uma profissão e adquirirem novos conhecimentos para exercer sua cidadania e contribuir com suas comunidades. As lideranças quilombolas presentes falaram da importância de continuar apoiando os alunos que ainda estão se esforçando para concluir seus cursos. São ainda 14 alunos quilombolas, sendo que destes 10 recebem a ajuda de custo da parceria. "O mais importante é a gente não parar. E nós vamos continuar acompanhando esses meninos, dando apoio, buscando políticas públicas que possam contribuir com as comunidades, aproveitando os conhecimentos que eles estão trazendo", afirmou Antonio Tizil, líder quilombola.
 
Como resultado das reuniões, se decidiu iniciar um movimento de juventude no território quilombola Lagoas, onde a maioria dos alunos reside. A associação do território não tem grande participação jovem, e os alunos querem se apresentar para contribuir nas discussões do fortalecimento organizativo e da luta por políticas públicas. Neste mês de janeiro, várias reuniões serão realizadas para mobilizar um seminário sobre juventude e a gestão territorial. O objetivo é envolver o maior número de jovens possível e contribuir na busca de soluções para os problemas das comunidades do território.
 
PDHC – Movimento Quilombola
 
Dentro desta parceria já foram formados, até hoje, 19 técnicos em agropecuária. Desses formados, 50% ocupam espaço profissional em ONGs, Emater-PI e em empresas particulares de assessoria técnica. Três deles estão atuando como técnicos em equipes parceiras do PDHC. Há ainda outros jovens em cursos de técnico em agroindústria e de técnico em saúde comunitária.
 
Os cursos acontecem nas escolas de José de Freitas, São João do Piauí e São Lourenço, no Piauí. Os alunos beneficiários, no período que estão nas comunidades, dão aula de capoeira para crianças e participam de atividades de mobilização para as ações do PDHC e Quilombos.

 

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