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Comunidade quilombola de Conceição das Crioulas é tema de pesquisa científica

 

Quilombolas são povos tradicionais que  vem se firmando  cada vez mais em seus territórios  de ocupação espalhados  em áreas do Sertão nordestino. Eles ganham espaço por suas lutas sociais e políticas,  pela conquista definitiva  de seus territórios e a continuada  busca pela afirmação étnica na coletividade. Uma dessas comunidades é a de Conceição das Crioulas, na área rural de Salgueiro, que foi tema de dissertação no mestrado de Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Campus VIII de Paulo Afonso (BA).
 
O trabalho foi defendido  pelo jornalista  Emanuel Andrade que focou sua pesquisa nos processos identitários e territoriais de Conceição das Crioulas. Durante quase dois anos ele se debruçou sobre o assunto a partir do panorama dos quilombos do Nordeste e  mergulhou na pesquisa de campo  para identificar num primeiro momento como e quando esse povo quilombola que vive há cerca de dois séculos na caatinga, vivenciou seus processos de  afirmação étnica, nos últimos 50 anos.
 
Do ponto de vista cultural, o trabalho aborda os mudanças ocorridas na localidade a partir da criação da Associação Quilombola de Conceição das Crioulas(AQCC), registrada  em 2000,  verificando o contexto político-organizativo da comunidade e a importância dos conteúdos etnográficos experienciados na ideia  simbólica das bonecas de caroá que passaram a ser produzidas em escala comercial para homenagear as mulheres da comunidade. As peças são vendidas em grandes feiras de artesanato do país já foram até exportadas.
 
As políticas públicas assinaladas pela Prefeitura em parceria com os governos estadual e federal, também foram pontuadas na dissertação. Na última década, segundo o jornalista, a comunidade tem dado um salto positivo ao criar a AQCC e envolver  jovens que atuam em vários segmentos como educação e agricultura, nos trabalhos de artesanato e  produção de popas do umbu. As bonequinhas de caroá homenageiam as mulheres fazendo uma ponte com o início da formação da comunidade que segundo pesquisas e as narrativas orais reforçam a tese de que a localidade nasceu com chegada de seis mulheres que teriam fugido dos quilombos de Palmares e passaram a cultivar algodão, o que possibilitou a compra de parte da terra.
 
“Desde então, as mulheres sempre atuaram como lideranças e continuam exercendo um papel fundamental no campo sociopolítico, educativo e cultural, só que dividindo tarefas com os homens”, observa Andrade.  Já na questão territorial, esse assunto sempre foi um nó na trajetória e nas lutas  desse povo, com a presença de fazendeiros e posseiros que ainda vivem na área, o que ainda reflete na vida dos quilombolas.
 
O agricultor e uma das lideranças da comunidade, Andrelino Mendes, lembra que a luta pela reconquista do território tem sido cheia de muitos conflitos, mas tem avançado dentro dos trâmites burocráticos. A pesquisa mostra ainda questões que fazem uma ponte com a cultura, a educação e o meio ambiente. 

 

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