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Série Cinquentenário: Reserva indígena Thá Fene e comunidade Quilombola Quingoma

Por  Sidney Ribeiro Vieira ( Pesquisador da UNEB) em 6 de setembro

Os primeiros contatos com os indígenas que viviam na região de Ipitanga e que em sua maioria eram da família dos tupis, foi com os jesuítas que se instalaram na região da freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, por volta dos séculos XVI e XVII e tentaram estabelecer algumas missões apoiadas pelo donatário Garcia D Ávila “ O Velho” ,mas não foram concretizadas por divergências com a coroa portuguesa em relação a escravidão do índio. Uma dessa tribos ainda sobrevive na região de Quingoma de Fora no município de Lauro de Freitas.
 

Os negros trazidos da África chegaram à região por volta dos séculos XVIII, a fim de trabalharem como escravos nos vários engenhos que se formavam ao longo do litoral norte. Assim como em muitas regiões brasileiras, os negros dessa região fugiram para os diversos quilombos que se formaram por toda região. Dentre essas comunidades podemos destacar um pequeno grupo quilombola também instalado nas proximidades da região de Quingoma de Fora.
 

A comunidade do Quingoma Localizada na Rua Direita da Quingoma, Quingoma de Baixo – Lauro de Freitas abriga descendentes de escravos e quilombos, além da reserva indígena Thá-Fene, das tribos Funi-ô e Kuriri-Xocó. E conta com vários pontos históricos como: O antigo engenho do Rio Ipitanga com uma Casa de Farinha e uma extensa área de proteção ambiental onde esta situada a Reserva indígena Thá Fene.
Os indígenas da tribo Thá-Fene vivem há 15 anos na região do Quingoma, desde quando um pedaço de terra particular foi doado a eles por um antigo proprietário da região, que era fascinado pela cultura indígena. A comunidade é formada por pouco mais de quatro famílias que sobrevivem da venda de artesanatos e também da visita de grupos escolares, que na ocasião tem a oportunidade de visitarem as casas de palhas (ocas) , fazerem uma pequena trilha ecológica pela reserva e observarem o cuidado com a agricultura e o respeito que a comunidade tem com a natureza , alem de um acervo com fotos que conta um pouco da história da tribo, juntamente com alguns instrumentos de caça e pesca.
 

O líder da tribo é wakai, professor de filosofia da rede municipal que luta pela preservação de sua cultura através de palestras e também da criação de uma literatura em quadrinhos que conta a história de seu povo de uma maneira lúdica e infantil , “O Índio na Visão do Índio” , onde utiliza o próprio nome para criar a lenda de antigo guerreiro indígena que luta pela preservação da natureza.
 

“Tentamos manter nossa identidade, mas convivendo com o mundo de vocês”, afirma Wakai, responsável pela aldeia.
A comunidade quilombola é proveniente de grupos de negros fugidos das antigas fazendas construídas na região desde os séculos XVIII e XIX. Como O Quingoma de Marcolino Luis de Brito Muniz de Barreto. Preservam sua cultura através do samba de roda continuamente feito em uma área da comunidade onde também esta instalada uma antiga casa de farinha. A comunidade fala com muito orgulho do patrimônio cultural deixado por seus ancestrais em objetos devidamente guardados e das manifestações culturais como a capoeira e o samba de roda. Cultura que é passada para os “ pequeninos” em grupos de estudos organizados pela própria comunidade. Há vários anos na semana da consciência negra a prefeitura e grupos afros participa de caminhadas pelo bairro a fim de resgatarem o prestígio de sua cultura e manifestar as sua indignação contra o racismo.
 

“Sou negra e sou bonita. As pessoas têm que me ver assim, me aceitar assim, da forma como sou. Por isso faço questão de todo ano participar da caminhada”, desabafou. Laércio Costa, de 22 anos, também participou da caminhada e sabe valorizar a cultura negra. “A cultura do povo negro está em todo lugar, seja na dança, na música, na capoeira. Temos que valorizar. Já chega de racismo, de preconceito”.
 

Itinga- Y água e Tinga branca (água branca )
Cají – Caa-ji (riacho do mato).
Ipitanga – Tapitanga (pedra vermelha)

<O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo>.

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