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Manifestação trava trânsito de Salvador

Um dia de caos para os soteropolitanos. Como se não bastassem os problemas provocados pela chuva, um protesto realizado por centenas de agricultores, quilombolas e indígenas de várias regiões do estado deixou o trânsito, durante a tarde e início da noite de ontem, congestionado em vários pontos da cidade.

Os motoristas enfrentaram congestionamento na região da Avenida Bonocô, BR-324, Rótula do Abacaxi, Avenida ACM, Avenida Paralela, Magalhães Neto, Tancredo Neves, Itaigara, Rio Vermelho, Avenida Garibaldi e Pituba.

De acordo com agentes da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), além da manifestação, os buracos ocasionados pelas chuvas, semáforos quebrados e o intenso fluxo de veículos foram suficientes para travar o trânsito em toda a cidade. “Saí do Stiep por volta das 16h40, e para chegar ao Dique do Tororó demorei duas horas. Em dias normais, não levo mais do que 20 minutos.

Desisti da região do Iguatemi e Bonocô, tendo que enfrentar o trânsito parado na Pituba, Rio Vermelho e Vasco da Gama. Para piorar, a chuva e semáforos quebrados transformaram meu início de noite em um caos”, desabafou a administradora Gabriela Oliveira, 28 anos.

Os manifestantes se reuniram ontem na capital baiana para realizar a Marcha da Agricultura Familiar e Reforma Agrária. O objetivo do protesto foi reivindicar junto às autoridades públicas a criação de políticas em benefício da cultura agrícola de subsistência na Bahia.
Coordenado pelo Fórum Baiano da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (FBAF), o protesto teve início logo pela manhã, quando os manifestantes ocuparam durante duas horas a praça de pedágio da Via Bahia, na BR-324, nas imediações do município de Simões Filho.

Por volta das 15 horas, os agricultores saíram em vários ônibus, fizeram uma parada na região do Iguatemi e seguiram em marcha até o Centro Administrativo da Bahia (CAB) para tentar marcar uma audiência com representantes do governo do Estado.

 
Munidos de faixas e cartazes, os manifestantes ocuparam toda a pista do Iguatemi que dá acesso à Avenida Paralela, causando congestionamento em vários pontos da cidade. Por conta do movimento, o trânsito ficou praticamente parado na região da Bonocô, BR-324, Rótula do Abacaxi, Avenida ACM, Magalhães Neto, Tancredo Neves, Itaigara e Pituba.
 
Segundo o coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Bahia (Fetraf-BA), Rosival Leite, a ideia é encerrar o protesto nesta quarta-feira. No entanto, o cronograma pode ser alterado caso os agricultores não consigam se reunir com representantes do governo.

“Queremos ser atendidos pela autoridade pública baiana. Trouxemos alimentos e agasalhos suficientes para atender as nossas necessidades. Se não houver audiência, vamos ficar em Salvador por tempo indeterminado, acampados entre o Centro da cidade e o CAB”, garantiu Leite.

 
Os agricultores cobram a criação e execução de um plano de desenvolvimento rural sustentável que garanta a convivência com os biomas semiárido, cerrado e mata atlântica, gere empregos e também investimentos para as pequenas propriedades voltadas para a agricultura familiar e economia solidária na Bahia.

“Precisamos de um projeto produtivo de geração de emprego para mais de 150 mil jovens e mulheres que moram no interior do estado. É preciso que o governo disponibilize cursos profissionalizantes para os agricultores, mas que não seja de pedreiro ou eletricista. Tem que ser direcionado para a agricultura, para que as pessoas que vivem do plantio e criação de animais permaneçam no campo”, destacou o coordenador da Fetraf-BA.

 
 
 
Auxílio ao agricultor
 
 
A pauta de reivindicações inclui também a criação da Secretaria Estadual de Agricultura Familiar e Reforma Agrária e uma política de combate aos efeitos provocados pela seca.

“Temos a Secretaria de Agricultura, mas o orçamento dela favorece, principalmente, o agronegócio. Não existem programas que auxiliem o agricultor que planta para sobreviver. Disponibilizam crédito para quem vive no campo, mas a burocracia impede o acesso a esse dinheiro a aproximadamente 80% dessa população. Cobramos ainda a criação de um plano de ação estruturado contra a seca no semiárido baiano”, ponderou Leite.

A pauta dos agricultores inclui ainda a ampliação dos investimentos na reforma agrária, a celeridade nos processos de titularidade de terras – inclusive dos povos e comunidades tradicionais, o fim da criminalização das ONGs e entidades sociais, segurança no campo e maior destinação de recursos para pesquisas e tecnologias adequadas para o desenvolvimento da agricultura familiar.
 
O documento com as reivindicações já foi entregue formalmente ao governo do Estado no último dia 10, durante reunião com o secretário de Relações Institucionais, Cezar Lisboa.

Na oportunidade, as entidades que compõem o FBAF reafirmaram a importância do atendimento às solicitações diante do destaque da agricultura familiar na geração de 81% do trabalho e renda no meio rural na Bahia, o que totaliza 1,8 milhão de pessoas e 44% do valor bruto da produção agropecuária do estado. Ainda de acordo com os manifestantes, pelo menos outras mil pessoas devem chegar ainda hoje à capital para se juntar ao movimento.

 

<O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo>.

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