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Audiência Pública debate conflito de terras

Agricultura familiar de Osório e Maquiné mobilizada para mais uma etapa na luta contra injustiça e desapropriação

As comissões de Agricultura do Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul promovem audiência pública nesta sexta-feira, 21 de outubro, a partir das 14h, no Teatro Dante Barone, anexo a Assembleia Legislativa. O encontro visa “debater os procedimentos adotados pelo governo federal para demarcações de terras para comunidades indígenas e quilombolas e os possíveis impactos causados ao setor rural”.

Trata-se, mais precisamente, de mais uma etapa na luta dos pequenos agricultores de Osório e Maquiné, no litoral norte gaúcho, contra a desapropriação de suas terras. A região vive momentos de apreensão devido a reivindicação de uma associação quilombola que exige a expulsão de inúmeras famílias de uma área de 4.564,4284 hectares – equivalente a cerca de 4.600 campos de futebol. 

Um dos pontos centrais trata da inconstitucionalidade do decreto regulamentar (4.887/2003) que possibilita através de critérios subjetivos de autoatribuição de identidade cultural, a reivindicação de terras em âmbito nacional.  Desta forma, basta qualquer pessoa se declarar negra e se autoatribuir um pedaço de terra para tomar posse dele. 

Também deve ser esclarecido e enfatizado que a concessão do título de propriedade – atendendo qualquer reivindicação quilombola – é coletivo, pró-indiviso e em nome da associação dos moradores da área”.  Ou seja: a associação quilombola é quem será a ‘proprietária da área total. 

Tal esclarecimento se faz necessário, pois ingenuamente, grande parte das famílias de quilombolas que residem no local atualmente, acreditam que vão tornar-se proprietárias de uma parte da terra. E, como a reivindicação de supostos direitos é aberta para todos, quem nunca viveu na região, terá o mesmo direito de quem sempre morou lá.
Cabe ressaltar que a desapropriação afeta diretamente cerca de 950 famílias – ou 3.800 pessoas – e atinge outras 4.630 famílias – ou 18.800 pessoas – que vivem nas imediações da região de Osório e Maquiné. São dois tradicionais núcleos urbanos do RS, abrangendo seis bairros rurais com história e trajetória próprias. Legitimamente instalados há mais de seis gerações, os moradores dessas localidades vivem em propriedades devidamente escrituradas. O mais indignante para as pessoas envolvidas é ter de lutar, de uma hora para outra, apenas para manter sua identidade cultural, meios de subsistência e, principalmente, direitos de cidadão. 

<O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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