Quilombolas bloqueiam entrada do Incra
Eles estão acampados desde 6ª e pedem regularização fundiária e proteção a líderes ameaçados – um deles foi assassinado nesta 2ª
Aproximadamente 150 quilombolas de 46 comunidades do Maranhão fecharam nesta segunda-feira (3) os acessos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Luís. Desde sexta-feira, eles estão acampados nas dependências do órgão pedindo proteção policial e celeridade no processo de titulação de terras.
Essa é a terceira vez que eles ocupam o Incra e a segunda em que eles fecham os portões do órgão. Com a entrada interditada, funcionários foram impedidos de entrar no órgão. Eles ainda ficaram pela manhã nas calçadas com a esperança de poder trabalhar, mas foram embora no início da tarde. Apenas jornalistas e integrantes de movimentos sociais entraram na sede do Incra. A expectativa é que o órgão continue fechado nesta terça-feira. Os quilombolas afirmam que somente deixarão o órgão quando conversarem com representantes do governo federal.
O medo entre as lideranças quilombolas aumentou nesta segunda-feira, após a confirmação da morte do sexto líder em aproximadamente um ano. Valdenilson Borges, 24 anos, da comunidade Quilombo do Rosário, foi executado a tiros em Serrano do Maranhão, a 117 quilômetros de São Luís. Ele integrava a lista de aproximadamente 80 quilombolas que estavam marcados para morrer no Estado.
O advogado Diogo Cabral, integrante da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Maranhão (OAB-MA), atribuiu a morte a conflitos de terras na região. O suspeito de ter cometido o crime, um homem chamado Edvaldo Silva, está foragido, segundo informações da polícia.
O coordenador da Comissão Pastoral da Terra no Maranhão, padre Ivaldo Serejo, afirmou que dois representantes nacionais do Incra chegam ao Maranhão nesta terça-feira para negociar um desfecho para o movimento. Ele afirmou que existe a possibilidade de término do movimento nesta terça-feira, mas isso dependerá da proposta do Incra para dar mais segurança e agilidade a processos de titulação de terras no Estado.
Até o momento, o governo federal sinalizou com uma visita em várias cidades do Maranhão onde existe mais tensão entre fazendeiros e quilombolas, como Caxias, São Mateus, São Luís Gonzaga e Codó, para quantificar o número de líderes ameaçados de morte e conceder a eles proteção especial. Segundo o Incra, o órgão está acelerando o processo de regularização fundiária tanto de quilombolas quanto de indígenas no Estado.
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