Quilombolas impedem a entrada de funcionários do Incra
Manifestantes estão acampados na sede do instituto em São Luís. Eles protestam contra a falta de titulação das terras.
Os quilombolas fizeram uma roda de tambor de crioula no portão do Incra em São Luís para impedir a entrada dos servidores. A dança, típica dos escravos, é uma forma de protesto contra a demora do governo na demarcação dos territórios quilombolas no Maranhão.
Os quilombolas exigem do governo prioridade na demarcação das terras em 46 áreas em conflito no Maranhão. São processos já iniciados, mas que estão paralisados no instituto.
A Comissão Pastoral da Terra alerta para a situação de risco dos quilombolas. Trinta e uma lideranças estão ameaçadas de morte no Maranhão. “Cada vez mais conflitos surgindo e vidas de pessoas que podem ser ceifadas porque o governo federal não toma providência sobre essa questão”, alerta o padre Clemir Batista, representante da Comissão Pastoral da Terra.
Essa é a terceira vez este ano que os quilombolas ocupam a sede do Incra em São Luís. No mês de julho, uma missão do governo federal, formada por representantes de três ministérios, do Incra e da Ouvidoria Geral da União, foi a São Luís negociar com os manifestantes. Na reunião ficou acertado que o Incra iria contratar antropólogos para confirmar a origem da ocupação dos territórios.
Os quilombolas alegam que as promessas não foram cumpridas. “Nos garantiram que viriam mais quatro antropólogos e até hoje nunca veio. Falaram que iriam sair alguns processos em forma de pregão e até hoje isso não aconteceu”, diz Givanildo Nazaré Régis, líder quilombola.
“É uma agenda nacional e não fica no âmbito desta superintendência. Nosso papel nesse momento é intermediar junto a Brasília para que esta agenda aconteça”, explica José Inacio Rodrigues, superintendente regional do Incra no Maranhão.
De acordo com o Incra, trezentos processos de regularização de terras estão sendo avaliados no Maranhão.
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