Estado promove oficina de capoeira angola em comunidade quilombola
O governo do Pará, por meio da Secretaria Especial de Promoção Social e Fundação Curro Velho, promove até a próxima quinta-feira (15) a oficina de capoeira angola na comunidade quilombola de Maú, no município de Cametá, na região do Baixo Tocantins. Segundo o mestre João Bosco Alves, a capoeira angola nasceu de um ritual de iniciação, chamado N’Golo, em que os guerreiros lutavam ao som de tambores, e os melhores podiam casar com as mulheres que escolhessem.
Esses movimentos, uma verdadeira dança-luta, eram baseados na movimentação de um dos animais mais comuns em Angola, a zebra. O mestre explica que a cabeça da capoeira resgata as marradas (pancadas com a cabeça) da zebra, e os golpes mortais são baseados nos coices.
Os elementos dessa arte afrobrasileira se misturam em uma roda de capoeira angola, com os movimentos básicos, acrobacias, chamadas, cantos, toques de instrumentos, contextualização histórica e filosofia.
Cultura ancestral – A oficina de capoeira angola está sendo ministrada por Gercino Alves Batista, capoeirista e estudioso da capoeira angola desde 1980. Ele atua em projetos de cultura popular no município de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde também trabalha com quilombolas. “Trabalho com uma comunidade chamada Caxambu. A expectativa é trazer esses aspectos da nossa cultura ancestral. A partir da tradição da capoeira angola, vamos trabalhar com os recursos naturais, até mesmo para captar sonoridade dessa comunidade. Vamos usar sementes, castanha, madeira e fibras naturais. Um trabalho de entrar em sintonia com a natureza do local”, ressalta Gercino Batista.
A oficina de confecção de instrumentos será realizada na comunidade quilombola de Umarizal, no município de Baião, com o objetivo de sensibilizar o aprendiz a reconhecer os elementos naturais do entorno, como madeira, couro, casca de castanha. “Também vamos aproveitar materiais recicláveis, como pneus e latas”, informa Gercino.
Além das oficinas de capoeira angola e de confecção de instrumentos, a produtora do documentário Rota do Sal Kalunga, Rosângela da Silva, ministrará a oficina de elaboração de projetos e captação de recursos. “A minha expectativa é que, de alguma forma, essas oficinas possam contribuir, para que essas comunidades tenham os instrumentos necessários para elaborar e gerir os seus projetos”, diz Rosângela.
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