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Alunos sofrem com falta de água, merenda e professores

Unidade de ensino fica em comunidade quilombola de Ilha de Maré. Secretaria de Educação diz que está providenciando soluções.

Uma escola sem água, sem merenda, sem professores suficientes. A unidade de ensino fica em Porto dos Cavalos, uma das cinco comunidades quilombolas da Ilha de Maré, região metropolitana de Salvador. A situação é tão crítica que, para não ficar com fome, as crianças comem biscoito seco.

No centro da localidade, fica a sede da Associação de Moradores. Há seis meses, o prédio foi emprestado à Secretaria Municipal de Educação e virou a Escola Nossa Senhora de Fátima. Cinquenta e seis crianças foram matriculadas e deveriam estar assistindo às aulas, mas a maior parte dos alunos passa o dia brincando, longe dos livros e cadernos. Eu chego na escola, a professora diz que não tem aula, que não tem professora pra gente estudar, conta Diana, de 9 anos.

Diogo, de 11 anos, está na 3ª série e já perdeu as contas de quantas vezes teve que voltar para casa. “Quando a gente crescer não vai ser ninguém na vida, aí tem que trabalhar pra poder alimentar a família”, diz o garoto.

Os problemas começaram há cerca de dois meses. Segundo moradores, uma das professoras entrou em licença-maternidade e a vaga ficou sem substituto. A professora Miriane Gomes conta que não teve escolha: sozinha, criou um turno especial para não deixar os alunos sem aula. “Eu estava com duas turmas: quatro e cinco, de oito às dez e três, de dez às doze, mas sabe que o tempo corre, né? Por mais que a gente venha preparada, quase que não dá pra gente fazer nada”, explica a professora.

O turno de duas horas por classe não deu certo e Miriane voltou a ensinar apenas os alunos do pré-escolar. Das quatro turmas, três continuam sem aula. Os maiores de 4 e 5 anos estão estudando até 11h30 e os pequenininhos de 2 e 3 anos estão sem estudar. A gente cobra da direção, mas não adianta, conta Patrícia Santos, mãe de aluno da escola. O pai de uma das crianças da escola também fala da situação de ensino. A gente olha com aquele olhar triste porque a gente sabe que o ensino é uma coisa fundamental para as crianças, né? E aí sem estudar a gente fica até sem prever um futuro para ela, conta Valter Santana.

Há um mês, a situação que já era séria ficou ainda pior. Isso porque o gás acabou e sem gás as panelas também estão vazias. Não há merenda para os alunos. As torneiras também estão vazias. Para garantir o abastecimento de água, só mesmo contando com a ajuda da comunidade.

Todas as casas de Porto dos Cavalos tem água encanada, menos o prédio escolar. A alternativa encontrada pelos pais dos alunos foi criar o mutirão do balde. “Nós temos que sair do prédio pra ir buscar água na casa de outras pesoas pra poder levar para o prédio, para as crianças tomarem, para limpeza, para tudo isso, porque as crianças não podem viver num prédio sujo, já não basta a merenda que nã tem, né? ”, relata Tatiana Santos, mãe de aluno da unidade de ensino.

A Secretaria da Educação de Salvador informou através de nota, que está sendo providenciada a instalação de um reservatório de água, que deve ficar pronto em 30 dias. Quanto à merenda, a secretaria informou que a distribuição está sendo feita normalmente e que a escola recebeu tickets para a compra do gás, mas que vai verificar novamente. Foi informado também que a secretaria está aguardando a nomeação dos professores aprovados em concursos para encaminhar para a escola, mas que vai procurar estagiários na região para ajudar no ensino.

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