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Dia da Consciência Negra no Campinho da Independência

Entre os dias 19 e 21 de novembro de 2010, em comemoração ao dia da consciência negra, a associação de moradores da comunidade quilombola Campinho da Independência (AMOC), localizada no município de Paraty, realizou o XII Encontro da Cultura Negra. O evento contou com o patrocínio da prefeitura de Paraty e foi apoiado pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Ao longo dos três dias de festa a comunidade se “apresentou” ao público por meio, principalmente, de duas manifestações culturais: o jongo e o rap do grupo Realidade Negra. Além disso, o evento contou com a participação de outros grupos culturais externos que apresentaram capoeira angola, street dance, maracatu e congada. Uma roda de ciranda com o grupo “Os Caiçaras” estava na programação, no entanto a apresentação não aconteceu.

Com relação ao público, percebemos a presença de muitos curiosos, dentre os quais alguns professores da rede municipal de Paraty e Angra dos Reis, ávidos para compreender questões que perpassam o cotidiano da comunidade, assim como o processo de titulação de suas terras. Durante uma palestra sobre o processo de organização política da comunidade, oferecida por uma das lideranças, foi possível perceber o total desconhecimento por parte do público presente sobre as lutas políticas que envolvem a conjuntura quilombola. Questões como a divisão de terras entre os moradores, os casamentos entre quilombolas e “externos”, e os processos de educação não-formais foram os pontos auges da discussão que emergiu logo após a palestra. Outro ponto de destaque foi a presença do vereador Vidal que se apresentou durante a discussão, enfatizando o apoio que o município de Paraty vem oferecendo às suas comunidades tradicionais, principalmente no que tange o fortalecimento e a propagação de suas culturas.

Poucos quilombolas de outras comunidades estavam presentes, com exceção de jongueiros mirins e três jongueiras da comunidade de Santa Rita do Bracuí (Angra dos Reis). Eles chegaram exclusivamente para participar da roda de jongo, indo embora logo após a sua finalização. Nesse sentido, o teor político do evento estava voltado muito mais para uma apresentação do quilombo a um público alheio à conjuntura quilombola, do que para uma articulação entre as próprias comunidades. Tal fato pode ser exemplificado pela escolha do título da única palestra que ocorreu: “Processo histórico de organização comunitária do quilombo Campinho”.

A festa de 20 de novembro demonstrou o desejo da comunidade de Campinho em ser reconhecida enquanto um grupo que não apenas resistiu, mas vem resistindo aos processos de invisibilidade aos quais foi submetido. O evento se apresentou como uma forma de dar visibilidade à comunidade, inserindo diversos atores no panorama quilombola de luta por terras e políticas públicas diferenciadas, o que ainda é muito pouco conhecido por grande parte da sociedade.

Lapf / Observatório Quilombola:

Kalyla Maroun

Doutorado em Educação (PUC – Rio) Ediléia Carvalho

Graduação em Pedagogia (PUC-Rio)

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