Quilombolas começam a planejar o Circuito de Turismo de base comunitária
Reunidos de 27 a 29 de setembro, na pousada do Quilombo de Ivaporunduva, em Eldorado, no Vale do Ribeira (SP), seis comunidades quilombolas iniciaram um processo de construção participativa de um plano estratégico para o turismo de base comunitária.
A iniciativa de elaboração do planejamento estratégico do circuito quilombola faz parte das ações do Projeto Circuito Quilombola, realizadas pelo ISA em conjunto com as comunidades de Mandira, Ivaporunduva, Sapatu, Pedro Cubas, André Lopes e São Pedro com apoio do Ministério do Meio Ambiente por meio do programa Proecotur e do Ministério do Desenvolvimento Agrário
No primeiro módulo da oficina de planejamento, que ocorreu entre 27 e 29 de setembro, as comunidades definiram primeiras etapas. Para isso contaram com a ajuda do consultor Fernando Kanni e dos técnicos do ISA. Elas definiram os valores que nortearão a atividade, os objetivos e as estratégias que serão adotadas para o desenvolvimento da atividade turística nas comunidades quilombolas.
Como valores/forças para o desenvolvimento do turismo quilombola de base comunitária se destacam: história de luta, força e sobrevivência da comunidade (antepassados); costumes, tradições, modos de vida; conhecimento popular ou tradicional; vivenciar novas situações e emoções/cotidiano quilombola; existência de um mundo diferente; receptividade/hospitalidade do povo; conservação e uso sustentável do meio ambiente. As comunidades também estabeleceram seus objetivos estratégicos: melhoria da qualidade de vida (complementação de renda e trabalho, alternativa para fixação dos jovens/integração familiar, infraestrutura das comunidades, etc); promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, de respeito e integração do homem com a natureza e de cooperação comunitária com a articulação para que se desenvolvam de forma igualitária; resgate da autoestima, da união/convivência entre comunidades e seus membros e a memória histórica/cultural quilombola; e, servir de instrumento de educação tanto para os visitantes quanto para as comunidades visitadas.
A oficina também contou com a participação de um empreendedor local, do Bairro da Serra, próximo ao Petar (Parque Estadual do Alto Ribeira), que fez um relato de como funciona seu planejamento e a sua importância para alcançar os resultados propostos.
Na sequência, o grupo de turismo da comunidade de Ivaporunduva fez um relato do histórico de sua atividade com turismo, apontando as principais dificuldades e os sucessos obtidos.
Em seguida foram definidas coletivamente as estratégias de curto, médio e longo prazo que serão trabalhadas pelas comunidades. (veja no quadro abaixo). Elas serão detalhadas nos próximos módulos, que também tratarão de Gestão Socioambiental e Plano de Marketing para o turismo de base comunitária das seis comunidades. O próximo módulo está previsto para os dias 13 e 14 de outubro.
Etapas de curto, médio e longo prazos
Curto Prazo -2011-2012: Ordenamento do processo de desenvolvimento turístico nas comunidades quilombolas integrantes do Circuito Turístico Quilombola, por meio do planejamento físico-territorial, enquadramento legal e de sistema de gestão organizacional.
Médio Prazo – 2011-2014: Consolidação da Pousada Ivaporunduva enquanto empreendimento turístico-recreativo de base comunitária como meio de hospedagem/alimentação/eventos/entretenimento/interpretação socioambiental e econômica do contexto das comunidades e povos tradicionais do Vale do Ribeira, com destaque aos quilombos integrantes do circuito turístico, importante para o mercado turístico regional e referência nacional no segmento de Turismo de Base Comunitária.
Longo prazo – 2011-2016: Aprimoramento da qualidade da experiência turística realizada na operação turística receptiva nas comunidades quilombolas integrantes do circuito turístico, com foco no visitante, por meio da profissionalização dos serviços e incremento dos equipamentos turísticos
< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>