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Festa tradicional é realizada em Quilombo dentro de Belo Horizonte

No último sábado (31), a comunidade quilombola de Luizes, situada no bairro Grajaú em Belo Horizonte (MG), comemorou mais uma edição da festa típica mais importante para seus moradores: a Festa de Nossa Senhora de Sant´Ana.

A Festa tem como símbolo a imagem de Santa´Ana, que acompanham os Luízes há mais de um século. De acordo com o relatório antropológico, produzido para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pelo Núcleo de Estudos de Populações Quilombolas e Tradicionais (NuQ) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é em torno da imagem que são realizadas as grandes reuniões da comunidade.

Os moradores abandonam suas ocupações diárias para participarem da organização do ritual, que, segundo o relatório, celebra a unidade dos Luizes, reunindo inclusive moradores do Grajaú.

Houve a apresentação da guarda de congado e da missa conga que conta com tradicionais cânticos africanos. Quilombolas e visitantes participaram da confraternização, com danças e músicas da cultura africana, além de aproveitarem as comidas típicas dessa época do ano, como caldos e canjicas.

Segundo Miriam Aprígio, moradora da comunidade, além de preservar a cultura local a festa é uma oportunidade para que todos os belo-horizontinos possam conhecer e valorizar a comunidade. Ela explica que poucas pessoas sabem da existência de uma comunidade quilombola na capital mineira: “Nossa confraternização é aberta ao público para que as pessoas conheçam e saibam valorizar manifestações culturais como esta, que resiste à constante urbanização de uma cidade grande”.

E mesmo que os Luizes tenham outras crenças religiosas, todos participam de alguma forma da celebração. “Dias antes da festa, nos dedicamos a escolher os pratos a serem servidos, ornamentamos toda a comunidade conforme a tradição, nos preparamos para receber todos os visitantes”, explica.

A moradora lamenta que o envolvimento e participação da comunidade não seja constante no dia-a-dia dos Luizes. “É uma pena que a magia desse momento, o verdadeiro espírito de comunidade não seja vivenciado nos demais dias do ano”, lamenta.

A comunidade quilombola de Luizes é uma das 126 com processo de regularização aberto no Incra/MG. A planta e memorial descritivo, assim como o relatório antropológico, já foram produzidos. Ainda será feito o cadastramento das famílias e o levantamento fundiário, todos, documentos que integram o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), documento necessário para a regularização de comunidades quilombolas.

A história dos Luizes tem início com Nicolau Nunes Moreira. Escravo da Fazenda Calafate, teria recebido como compensação pelo trabalho escravo parte do imóvel próximo ao córrego Piteiras, hoje, principal avenida do bairro Grajaú.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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