Estado promove encontro de educação quilombola
Atualmente, o Estado do Pará possui 411 comunidades quilombolas identificadas. Para atender a esse público, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), por meio da Coordenação de Educação para a Promoção da Igualdade Racial (Copir), promove até esta terça-feira (8) o 1º Encontro Estadual de Educação Quilombola. O evento reúne dezenas de professores e membros remanescentes de quilombos, no Parque dos Igarapés, em Belém, com o objetivo de debater temas como a Lei 10.639, o financiamento educacional para estas comunidades, a formação de professores, o ensino médio nas comunidades, entre outros.
O encontro foi considerado um marco na história dos descendentes afro-brasileiros em diversas regiões do Estado. “Fico tomada de grande emoção neste encontro. Pois é um sonho do movimento brasileiro nos últimos 50 anos”, desabafou Zélia Amador, representante do Centro de Defesa do Negro no Pará, que completa 30 anos em agosto.
População – As estatísticas populacionais apontam que cerca de 72% da população paraense se identifica com a etnia negra ou parda. Motivo para o Estado intensificar as políticas públicas em respeito às necessidades do grupo. O secretário de Educação, Luís Cavalcante, compareceu ao encontro e reforçou a importância do debate. “O nosso objetivo é fazer da escola um espaço de debate e assuntos como estes são fundamentais. O professor precisa ensinar os elementos que fazem parte de nossa história, mas, sobretudo, contextualizá-lo”, reforçou o titular da secretaria.
Representando a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação (MEC), Leonor Araújo apresentou um panorama da educação quilombola no Pará e no Brasil. Segundo indicadores da Fundação Cultural Palmares, a população quilombola brasileira é de 2 milhões de pessoas. O ministério tem como meta a construção de mais 120 escolas quilombolas, prioridade do governo Lula, disse Leonor.
Santarém – Mário Fernando Martins é diretor da escola Afro-Amazônida Quilombo Murú-Murú, localizada no município de Santarém, no oeste paraense. Para este gestor, o grande desafio é a metodologia de ensino. “Nas comunidades, temos inúmeras formações, temos acesso ao que é necessário para uma boa educação, porém percebemos que a maioria dos professores não são remanescentes de quilombos e acabam não se dentificando com a cultura”, explicou ele. Reforçou ainda que a proposta não é trabalhar a temática racial como um simples tema transversal, mas sim como disciplina. E pediu mais atenção dos professores à causa.
O secretário Luís Cavalcante aproveitou a oportunidade para dar uma boa notícia aos professores. Disse que, em um futuro próximo, centenas deles poderão participar de um curso em nível de especialização sobre temáticas relacionadas a cultura negra e afro-descendentes. O convênio será firmado com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e encontra-se no setor jurídico a espera de parecer.
Durante a abertura, estiveram presentes ainda representantes da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e UFPA e ainda membros do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnico Racial.
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