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Programa de educação resgata a cultura quilombola no município de Mojú

Na comunidade de Vila Israel, localizada no município de Tailândia, as hortas familiares já começam a florescer. Cultivadas pelas mãos calejadas de mulheres, na faixa etária de 18 a 29 anos, as plantações são uma alternativa de renda e subsistência. Mais que isso, elas são resultado do conhecimento de seus antepassados, somado ao aprendizado recebido em sala de aula, por meio do Programa “Pró-Jovem Campo: Saberes da Terra”. Este e outros relatos de experiências bem sucedidas foram apresentados, durante a formação ofertada aos 56 professores do Programa, que acontece até esta terça-feira, 18, em Abaetetuba, um dos municípios pólo do “Saberes” no Pará.

A professora Jorgiane Ramos, coordenadora pedagógica do Programa em Tailândia, afirma que a implantação das hortas familiares é apenas um dos muitos resultados positivos. Ela aponta na turma – formada só por mulheres, 16 no total, que muitas vezes levam os seus filhos para participarem das aulas – a retomada dos estudos, como uma das principais conquistas. “Procuramos perceber os problemas retratados por elas e a partir daí construímos o nosso plano de trabalho”, afirma Jorgiane. Metodologia que tem dado tão certo que, neste ano, mais uma turma foi aberta, desta vez, na comunidade de Vila de Turi-Açú.

Já no município de Limoeiro do Ajurú, o respeito à identidade cultural passou a ser uma realidade. De acordo com o professor Eranildo Reis, os 35 alunos, oriundos das comunidades Rio Piquiatu, Igarapé Limão, Rio Mocons, Rio Tatuaoca e Rio Turuaçu, renovaram a autoestima: “Hoje eles valorizam o seu modo de vida, a sua memória e a sua trajetória. Passaram a ser protagonistas de suas histórias”, ressaltou.

O resgate das raízes quilombolas é um dos principais resultados apresentados pelo “Saberes da Terra” nas 8 comunidades do município de Mojú. Lá os 40 alunos atendidos “conseguem compreender que a melhoria da qualidade de vida perpassa pela educação”, disse o professor Walmir Natividade, que hoje já debate educação com seus ex-alunos de 4ª série, agora na graduação. Isto significa que a nossa forma de fazer educação do campo, criando vínculos com a comunidade e vivenciando sua realidade, está dando certo”, afirma.

Em Mocajuba, a experiência da criação do livro da vida, que é escrito e confeccionado pelo próprio aluno, também tem se configurado em um resgate da identidade cultural dos 30 alunos das duas comunidades atendidas pelo Programa. Já em Cametá, município vizinho, 84 alunos apresentam as produções desenvolvidas em sala de aula nas feiras de ciências e em iniciativas como o Café Literário.

Saberes da Terra – Programa do governo federal, de caráter interministerial, é desenvolvido por meio de parcerias com estados e municípios. A sua primeira versão foi implantada em 12 estados da federação, no período de 2005 a 2008. No Pará atendeu a 760 alunos em 15 municípios, tendo a União dos Dirigentes Municipais (Undime) como sua gestora financeira e a Universidade Federal do Pará e demais Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, como as responsáveis pelo processo de formação continuada.

Em 2009, tem início a segunda versão do Programa, presente em 21 estados da federação. No Pará, desta vez, é a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) que passa a ser a gestora financeira e o Instituto Federal do Pará (IFPA), pelo processo de formação dos 300 professores. São 2100 alunos atendidos em 36 municípios do Estado, congregados pelos municípios pólos de Altamira, Abaetetuba, Belém, Castanhal, Marabá e Ilha do Marajó.

De acordo com a técnica da Coordenação de Educação do Campo da Seduc, Darimes Conceição, a metodologia adaptada a realidade do campo, a apropriação do projeto político pedagógico, o currículo integrado e a pedagogia da alternância são os grandes diferenciais deste Programa. “Nas formações os professores são instrumentalizados nestas diretrizes e as colocam em prática durante as aulas”, explica.

Como recompensa os professores com nível superior e com o cumprimento de carga horária de 360 horas aulas nas turmas do Programa, saem com o título de especialista. Já aqueles com nível superior ou com carga horária incompleta, recebem um certificado de aperfeiçoamento. Mas para estes profissionais, mais importante do que qualquer título, é garantir que o “Saberes da Terra” se transforme em política pública e que os alunos atendidos pelo Programa possam dar continuidade aos seus estudos dentro da lógica da pedagogia da alternância.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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