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Lagoa dos Índios quer plebiscito sobre a transformação em área quilombola

Votação pode definir polêmica em torno do assunto, além de ser um bom teste para as urnas do TRE

O processo de transformação da Área da Lagoa dos Índios, também conhecida como Goiabal – localizada no município de Macapá, estado do Amapá -, em área quilombola, vem gerando muita polêmica no local. Enquanto parte da comunidade apóia ação neste sentido, uma outra vem lutando para que a Prefeitura de Macapá acate decisão da Câmara de Vereadores, que aprovou projeto integrando o local à zona urbana de Macapá e conseqüentemente classificando-o como bairro.

Outro ponto importante na questão, é quanto à definição do total da área com possibilidade de ser incorporada. Os moradores mais antigos garantem que a área quilombola começa logo depois da ponte da Lagoa dos Índios, na rodovia Duca Serra. Isso quer dizer que a transformação implica na saída de todos os prédios comerciais e residenciais que estejam neste perímetro, incluindo aí revendedoras de automóveis, universidades, o prédio do Sest/Senai, conjuntos residenciais, além da retirada de aproximadamente mil famílias, que hoje ocupam áreas colocadas à venda pelos próprios moradores antes de começarem as discussões sobre a transformação ou não da área.

“É preciso que tenhamos logo uma definição sobre esse assunto. Se o TRE se dispuser a colocar uma ou duas urnas eletrônicas na comunidade, para que ela possa votar, podemos decidir isso em apenas um dia. Se a comunidade concordar, passaremos a ser uma comunidade quilombola.

Senão, podemos ser transformados em bairro. O que não podemos é viver nesse compasso de espera, porque muitas pessoas têm vontade de investir aqui na Lagoa dos Índios, mas não pode porque tem medo de perder tudo”, diz o morador Marcos José da Silva.

A população mais jovem da Lagoa dos Índios é totalmente favorável à transformação em bairro. “Eu não penso em viver da agricultura ou criação de gado, galinha, seja lá o que for. Eu penso em cursar uma faculdade, trabalhar em outras áreas que possam gerar mais lucro”, diz Murilo Jardim. Segundo ele, a transformação em área quilombola só vai gerar prejuízos à comunidade. “Nós não seremos donos de nossas terras, embora tenhamos documentos. Não poderemos vender em caso de necessidade ou se não quisermos mais ficar por aqui. Pessoas que estão investindo em comércio ou outras formas de geração de emprego terão que deixar o local e com eles também irão esses empregos.

Murilo Jardim diz que a comunidade tem coisas muito mais importantes com que se preocupar. “Hoje precisamos com urgência que seja asfalta a estrada que dá acesso à Lagoa dos Índios, pois só assim alguma empresa colocará uma linha de ônibus exclusiva para a comunidade. O abrigo de passageiros está construído há seis anos, mas não temos ônibus.

Precisamos também de uma escola municipal e uma creche, precisamos ainda que a CEA venha recuperar a fiação elétrica e instalar energia em várias residências, então não dá pra ficar esperando que pessoas de fora decidam por nós. Se o TRE colocar uma urna eletrônica, a votação será feita de forma simples e o assunto decidido definitivamente”, conclui.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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