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Quilombolas avaliam repovoamento de juçara ao fim de quatro anos

Uma oficina de avaliação do programa repovoamento de palmito juçara foi realizada nos dias 6 e 7 de novembro, com a equipe técnica do ISA e representantes de 12 comunidades quilombolas do Vale do Ribeira que participam do Projeto de Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Palmeira Juçara (Euterpe edullis). Desenvolvido pelo ISA e pelas comunidades, o projeto encerra mais um ciclo que coincide com o término do financiamento do Ministério do Meio Ambiente/PDA, que apoia as atividades desde 2004. O objetivo do projeto é levantar estratégias para a sustentabilidade da Juçara.

Durante a oficina, realizada na Pousada do Quilombo de Ivaporunduva, em Eldorado, ficou evidente a complexidade que envolve o uso da Juçara (Euterpe edullis). Os problemas vão muito além da questão do manejo ou extração ilegal do palmito. Diversos fatores que fazem parte da história do Vale do Ribeira acabam por se refletir no modo atual de exploração da espécie atualmente.

Entre os fatos históricos mais relevantes levantados que envolvem a exploração da Juçara para geração de renda, destacam-se: as restrições ambientais que limitaram a abertura de roças no sistema tradicional de coivara que, em conseqüência, limitou a produção dos agricultores quase que exclusivamente à subsistência; e o incentivo à exploração do palmito, com a abertura de fábricas de processamento nas décadas de 1970 e 1980. A população quilombola do Vale do Ribeira fez parte desse processo assim como a maioria das pessoas da região, que acabou explorando a espécie para gerar renda, sem pensar na sustentabilidade a longo prazo.

Entretanto, a forte relação dos quilombolas com os recursos naturais, fez com que nos últimos anos eles percebessem a importância da espécie para a floresta e para as gerações futuras. Perceberam também o valor de uma juçara em pé, e como ela pode ser usada de forma sustentável.

Esforço para envolver mais famílias no repovoamento

Atualmente, 12 comunidades quilombolas estão repovoando áreas de floresta com Juçara (Euterpe edullis) em seus territórios (95 ha/ano) pensando agora na sustentabilidade no longo prazo. Nos últimos anos, vale ressaltar, as organizações sociais dos quilombolas cresceram e, com elas, a interlocução com diferentes segmentos da sociedade.

No final da oficina foi elaborada uma agenda para o encerramento das atividades do projeto ainda pendentes, com destaque para o mapeamento e inventário das áreas de repovoamento. Utilizando-se de técnicas de dinâmica de grupo, os participantes levantaram conteúdos para produzir conjuntamente um informativo, divulgando informações sobre o programa de repovoamento das comunidades.

Os quilombolas também se comprometeram a mobilizar, junto com as lideranças comunitárias e o ISA, mais famílias a participar da discussão sobre o uso múltiplo da Juçara e tratados de respeito às áreas de repovoamento entre territórios vizinhos. Uma reunião do Conselho Gestor do programa de repovoamento foi marcada para o início de 2010, com o objetivo de viabilizar a produção de polpa e sementes na próxima safra. Os quilombolas terminaram a oficina com a certeza de que é necessário dar continuidade à mobilização das comunidades para o repovoamento e de que o trabalho em busca da sustentabilidade não termina com o fim do apoio financeiro do PDA/MMA.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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