Prefeitura inicia obras de revitalização da zona portuária do Rio
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – As obras de revitalização da zona portuária do Rio avançaram hoje (16) pelo píer da Praça Mauá. A prefeitura e a construtora responsável pelo trabalho prometem transformar uma área descampada em um espaço de lazer de 30 mil metros quadrados até o final de 2010, mas a população não está satisfeita. Os moradores afirmam que não são ouvidos e cobram a inclusão de serviços públicos, como escolas e postos de saúde, no projeto de urbanização.
A intervenção iniciada hoje no píer vai custar cerca de R$ 200 milhões e contará com recursos do governo federal. O objetivo é instalar quiosques, restaurantes, banheiros públicos, anfiteatro, espaço multiuso e um estacionamento, previstos no projeto Porto Maravilha, elaborado pela prefeitura.
Por meio do Ministério do Turismo, o Rio receberá aproximadamente U$ 187 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dos quais cerca de R$ 10 milhões serão para o projeto Porto Maravilha, que integra o cronograma para as Olimpíadas de 2016. O dinheiro será gasto em cinco anos e abrangerá outras fases da revitalização, como a urbanização do Morro da Conceição e das ruas Camerino, Sacadura Cabral e Barão de Tefé.
Embora reconheçam que haverá melhorias em infraestrutura, esgoto, iluminação e calçamento, os moradores reclamam que não foram ouvidos na concepção dos projetos e cobram o diálogo para a expansão de serviços públicos. Entre eles, escolas, postos de saúde e a preservação da memória do lugar. O local foi o principal ponto de desembarque de escravos no país e ainda hoje abriga uma comunidade remanescente de quilombo, a Pedra do Sal, reconhecida pela Fundação Palmares.
“A população da região portuária é de 22 mil pessoas. O lugar tem um dos menores IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] do município, sendo cerca de 600 pessoas, jovens em idade do ensino fundamental, não têm escolas [para estudar no local]”, criticou Damião Braga, presidente da Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo Pedra do Sal, representante de cerca de 25 famílias que vivem na Rua Sacadura Cabral.
O ministro do Turismo, Luiz Barreto, disse que as propostas da comunidade ainda podem ser recebidas pelo governo. Segundo ele, o objetivo da revitalização do porto é elevar a qualidade de vida das pessoas. Por isso, as intervenções serão acompanhadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e apresentadas aos moradores em audiências públicas.
“O projeto é para ser feito com as pessoas de lá. Queremos até fazer um trabalho na área da cultura, com o ministério, o Iphan. Todos estão envolvidos, justamente para preservar a memória, a favor deles [dos moradores]. Evidentemente teremos audiências, o projeto ainda será mais debatido. Tenho certeza que vai valorizar a tradição”, afirmou.
Durante o início das obras no píer Mauá, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, também garantiu que não haverá remoção de casas na região portuária.
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