KOINONIA sedia o I Seminário História Social da Marambaia
O Laboratório de Antropologia dos Processos de Formação (LApF), do Departamento de Educação da PUC-RIO, com o apoio de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGH-UNIRIO), realizaram no dia 25 de setembro, nas dependências de KOINONIA (Bairro da Glória, RJ), o I Seminário História Social da Marambaia. O objetivo do encontro foi reunir pesquisadores envolvidos com questões e/ou documentações relativas à Ilha da Marambaia.
Neste primeiro encontro foram apresentados quatro trabalhos sobre a ilha:
– Sobre o tráfico de africanos, de Daniela Yabeta (mestranda em História – UNIRIO);
– Sobre posse e propriedade, de Daniela Yabeta e Pedro Parga (mestre em História – UNIRIO);
– Sobre o pós – abolição (José Maurício Arruti – PUC-RIO); e
– Sobre os processos jurídicos de expulsão dos moradores (Equipe de Assessoria Jurídica Mariana Criola).
Participaram como debatedoras as professoras Hebe Mattos (História –UFF), Keila Grinberg (História – UNIRIO), Daniela Vargas (Direto – PUC-Rio) e o professor André Figueiredo (Sociologia – UFRRJ). Vânia Guerra, Beá e Lino, da Arquimar (Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia) e Adriano da Acquilerj (Associação das Comunidades Remanescente de Quilombos do Rio de Janeiro), também estiveram presentes.
Esta proposta surge motivada pela necessidade de produzir uma resposta direta e academicamente qualificada ao livro “História Natural da Ilha da Marambaia”, publicado em 2003 pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Produzido por biólogos, botânicos, geógrafos, geólogos e arqueólogos, financiados direta ou indiretamente pela Marinha de Guerra do Brasil, o livro tem como um dos seus pontos mais significativos, o fato de servir como peça jurídica na disputa entre a Marinha de Guerra e a comunidade quilombola da Marambaia.
O seu capítulo ‘histórico’ recua até a Pré-história e descreve a ocupação indígena da ilha, saltando, em seguida, todo o século XIX e primeira metade do XX, para descrever a instalação do Centro de Adestramento Militar da Marinha (CADIM) na Marambaia, depois de 1971.
Editado e divulgado em um momento estratégico e crítico da mobilização dos remanescentes, que lutam pela regularização de seu território de ocupação tradicional na Marambaia e pelo acesso a políticas públicas, como luz, água, escola, coleta de lixo etc., o livro encobriu, apagou e silenciou a história social da ilha. Daí a nossa motivação em reunir esforços para produção de um material que trate não só do período “apagado”, como das próprias estratégias de apagamento deste período histórico da Marambaia.
Assim como esse, outros dois seminários serão realizados e terão o caráter de reuniões de trabalho, por isso, de assistência restrita, mas sempre contando com a presença dos quilombolas da ilha e de representantes da Acquilerj. Para 2010 está previsto um encontro público para a apresentação do resultado dos nossos diálogos.
Por Daniela Yabeta
Organizadora do Seminário
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