Protesto barra vistoria em área quilombola
Técnicos do Incra e policiais federais cercados por moradores do distrito de Picadinha
Mais uma vez, técnicos do Incra não conseguiram iniciar os levantamentos para identificação de área quilombola no distrito de Picadinha, em Dourados.
Na manhã desta quarta-feira, um protesto reunindo pelo menos cem moradores do distrito dificultou a circulação da equipe na área e os técnicos suspenderam a vistoria.
Agentes da Polícia Federal acompanharam os trabalhos, mas não conseguiram impedir o protesto que inviabilizou a vistoria. Acuados, os técnicos deixaram a área.
Em maio, os produtores rurais impediram a entrada das equipes do Incra nas propriedades alegando que só permitiram as vistorias com ordem judicial.
No início deste mês, o juiz da 1ª Vara Federal em Dourados, Massimo Palazzolo, acatou o mandado de segurança impetrado pelo Incra e autorizou a entrada dos técnicos nas áreas reivindicadas por famílias remanescentes de quilombolas.
A vistoria do Incra na região faz parte do levantamento das áreas que estão sob processo de titulação em Mato Grosso do Sul. Ao todo, 12 áreas estão sob estudos e podem ser reconhecidas como terras quilombolas no Estado. Na decisão, o juiz estabeleceu uma multa diária de R$ 10 mil se os produtores insistissem em obstruir a vistoria.
A comunidade quilombola de Picadinha reivindica uma área de 3.748 hectares, onde existem 12 propriedades. Os quilombolas alegam que as terras pertenceriam à fazenda Cabeceira de São Domingos, de propriedade de Dezidério Felipe de Oliveira. As 15 famílias remanescentes vivem atualmente em 40 hectares.
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