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Futuro melhor para quilombolas

A fome que inquieta, envergonha e cala as famílias de descendentes de escravos do Sertão de Pernambuco ficará menor. O governo brasileiro firmou ontem (09 de abril), em Brasília, um convênio de cooperação técnica pioneiro no país para beneficiar 400 famílias remanescentes de quilombos, chamadas quilombolas. Promete inclusão social, geração de emprego, renda e o mais importante: a melhoria das condições alimentares das comunidades – a maioria isolada territorialmente, esquecida, excluída e discriminada. O projeto, intitulado, Semente Crioula – Resistência Quilombola: soberania alimentar na caatinga envolverá a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir) e soma um investimento de US$ 200 mil (cerca de R$ 434 mil), parte do montante financiado pela Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (Cida). É uma grande conquista.

A situação alimentar principalmente das crianças é gravíssima, conforme mostrou a Chamada Nutricional Quilombola (2006) e denunciou a reportagem do Diario em viagem de 5 mil quilômetros por seis estados do Nordeste, realizada em dezembro do ano passado. As crianças enfrentam níveis de desnutrição muito pior que os brasileiros, os nordestinos e até mesmo os conterrâneos sertanejos. Sob a coordenação executiva do Centro de Cultura Luiz Freire e com duração inicial de dois anos, o projeto capacitará as famílias a gerirem seus sistemas de produção alimentar de forma sustentável. Ou seja, de modo que atenda as necessidades básicas de consumo próprio, geração de renda e não agrida o meio ambiente. Serão beneficiadas pelo convênio as comunidades de Conceição das Crioulas, Contendas e Santana (situadas no município de Salgueiro); Jatobá e Santana (em Cabrobó) e Feijão (em Mirandiba).

Os seis grupos quilombolas podem abrir o caminho das novas oportunidades para todo o país. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, e o presidente em exercício da Embrapa, Kepler Euclides Filho, externaram durante o ato solene de assinatura da parceria a pretensão de estender o projeto para outras regiões. O evento

A fome que inquieta, envergonha e cala as famílias de descendentes de escravos do Sertão de Pernambuco ficará menor. O governo brasileiro firmou ontem (09 de abril), em Brasília, um convênio de cooperação técnica pioneiro no país para beneficiar 400 famílias remanescentes de quilombos, chamadas quilombolas. Promete inclusão social, geração de emprego, renda e o mais importante: a melhoria das condições alimentares das comunidades – a maioria isolada territorialmente, esquecida, excluída e discriminada. O projeto, intitulado, Semente Crioula – Resistência Quilombola: soberania alimentar na caatinga envolverá a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Secretaria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir) e soma um investimento de US$ 200 mil (cerca de R$ 434 mil), parte do montante financiado pela Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (Cida). É uma grande conquista.

A situação alimentar principalmente das crianças é gravíssima, conforme mostrou a Chamada Nutricional Quilombola (2006) e denunciou a reportagem do Diario em viagem de 5 mil quilômetros por seis estados do Nordeste, realizada em dezembro do ano passado. As crianças enfrentam níveis de desnutrição muito pior que os brasileiros, os nordestinos e até mesmo os conterrâneos sertanejos. Sob a coordenação executiva do Centro de Cultura Luiz Freire e com duração inicial de dois anos, o projeto capacitará as famílias a gerirem seus sistemas de produção alimentar de forma sustentável. Ou seja, de modo que atenda as necessidades básicas de consumo próprio, geração de renda e não agrida o meio ambiente. Serão beneficiadas pelo convênio as comunidades de Conceição das Crioulas, Contendas e Santana (situadas no município de Salgueiro); Jatobá e Santana (em Cabrobó) e Feijão (em Mirandiba).

Os seis grupos quilombolas podem abrir o caminho das novas oportunidades para todo o país. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, e o presidente em exercício da Embrapa, Kepler Euclides Filho, externaram durante o ato solene de assinatura da parceria a pretensão de estender o projeto para outras regiões. O evento de ontem aconteceu na sede da Embrapa e reuniu ainda o embaixador do Canadá, Paul Hunt, os coordenadores do Centro Luiz Freire, André Araripe e Aldenice Teixeira, assim como o representante das comunidades atendidas, Antônio Mendes, e de quilombolas de demais estados. Existem cerca de três mil comunidades quilombolas. São aproximadamente dois milhões de brasileiros; em média 900 mil crianças. A grande maioria das famílias faz parte da classe E (com renda familiar inferior a R$ 768,00), é analfabeta e não dispõe de saneamento básico. A taxa de desnutrição das crianças chega a 15% – média atingida pelo Nordeste urbano há mais de uma década, em 1996.

Além de reduzir as altas taxas de desnutrição, esse projeto aproxima as comunidades e cria referenciais importantes com a cultura local e com as práticas tradicionais. Além disso, pode proporcionar ofortalecimento do movimento quilombola, comemora André Araripe. Longe do desenvolvimento, é provável que nem todos os quilombolas do Brasil tenham condições de se dar conta da conquista de ontem.

Retrato de uma cruel realidade

A exclusão social dos remanescentes de escravos de Pernambuco e dos demais estados do Nordeste foi o foco principal do caderno especial Quilombolas – Os direitos negados de um povo, publicado pelo Diario em 30 de dezembro de 2008. A reportagem revelava o abandono secular desses brasileiros. Para realizá-la a repórter especial Silvia Bessa e o fotógrafo Hélder Tavares percorreram 5 mil quilômetros por seis estados do Nordeste. Viram e estamparam o que não está nos livros de história das escolas do país – a fome em último estágio, a falta de saneamento, de serviços de saúde e educação. O caderno usou uma abordagem inédita para falar de uma questão que parece desconhecida ou esquecida pelas autoridades e sociedade – a questão dos direitos humanos.

Duas páginas, de um conjunto de dez da longa matéria jornalística, foram dedicadas à precariedade alimentar e às conseqüências da má-alimentação. Numa das matérias, intitulada Liberdade veio sem asas e sem pão, o caótico quadro é mostrado em números e casos. Está relatado por meio da vida de Iraildes, Gilson, Expedito, Pedro, Rita e José e do lamento do avô, seu Afonso Nogueira, quilombola da comunidade de Juazeiro Grande, em Mirandiba (Sertão de Pernambuco). Quando falta merenda por 15 dias é ainda pior, reclamava, desviando quando o tema era privação dos rebentos. Conversava enquanto do seu lado os netos, todos menores de 10 anos, disputavam um pacote de salgadinho.

O caderno especial Quilombolas – Os direitos negados de um povo está inserido numa proposta do Diario de Pernambuco de debater a situação dos quilombolas do Brasil. Há cerca de um ano e meio o jornal vem investindo de forma mais sistemática em matérias ligadas aos descendentes de escravos e aos negros no país. A última foi veiculada no dia 25 de março deste ano. Com o título Desigualdade, as primeiras vítimas, remetia-se ao novo Relatório Anual de Desigualdades Raciais do Brasil, lançado no estado naquela semana, e abordava o lento processo de concessão do título de posse das terras quilombolas.

Perfil das comunidades beneficiadas

Salgueiro

* Santana – Possui cerca de 60 famílias. Várias residências são construídas com varas e barro, conhecidas como taipa. Os serviços de atenção básica são deficientes. A comunidade tem dificuldade de acesso à água, o que inviabiliza a produção agrícola. A colheita é realizada em sistema de mutirão, mas a terra é cuidada durante o resto do ano por núcleos familiares. Estima-se que o quilombo de Santana tenha cerca de 200 anos. Situa-se a cerca de 22 quilômetros da cidade de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco.

* Contendas/Tamboril – Reúne aproximadamente 40 famílias. Sofre com a falta d´água. Sem infra-estrutura para desenvolver-se e sem trabalho para os quilombolas, lá é grande o êxodo rural. Poucas casas dispõem de saneamento básico. A maioria é de alvenaria, mas também há algumas feitas de taipa. Agrupa roças destinadas ao plantio de milho, feijão, beterraba e algumas hortas de culturas orgânicas familiares. Está localizada a 24 quilômetros da cidade de Salgueiro. Existe há mais de 100 anos.

* Conceição das Crioulas – Tem em média 200 famílias. O maior problema da comunidade é o acesso à terra. Os quilombolas de lá, só podem circular e usufruir de cerca de 30% dos 18 mil hectares da terra conquistada por lei com a titulação do território. Impedidos de usufruir da água de açudes, sobrevivem com a escassez. É uma comunidade organizada, razoavelmente bem estruturada (luz elétrica e escola), mas falta emprego e renda. Fica a 42 quilômetros da cidade e e existe há cerca de 200 anos.

Cabrobó

* Jatobá/Santana- Possui cerca de 95 famílias e está a 72 quilômetros da cidade de Cabrobó, sendo metade do caminho de terra batida. A distância já é um grande obstáculo para o desenvolvimento das comunidades. O atendimento de saúde aos quilombolas é considerado precário, pela falta de um posto permanente e pela dificuldade de acesso a exames. A educação carece de material didático. Vê-se, ainda, problemas de falta d´água, motivo que prejudica a agricultura e provoca o êxodo rural.

Mirandiba

* Feijão – Concentra cerca de 15 famílias que resistem ao manter a tradição dos negros. Os que lá se encontram, sobrevivem da agricultura familiar de subsistência, usando como matéria prima o milho, feijão, abóbora, macaxeira e batata. A situação da saúde é considerada caótica pelos os moradores de Feijão. A ausência de medicamentos e a tradição os fazem recorrer a plantas medicinais. Os quilombolas de Feijão estão localizados a 4 quilômetros da cidade de Mirandiba.

< O Observatório Quilombola publica todas as informações que recebe, sem descartar ou privilegiar nenhuma fonte, e as reproduz na íntegra, não se responsabilizando pelo seu conteúdo.>

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